Em conversa com o então diretor do Instituto de Terras do Maranhão, o senhor Miguel, soube-se que 90% das terras que a Suzano apresenta como suas no Baixo Parnaíba maranhense são griladas, quer dizer, ela não tem documentação que comprove a posse da terra a não ser documentação falsa conseguida em cartórios dos municípios da região. Como aconteceu com o resultado das vistorias das áreas em litígio no Baixo Parnaíba, pediu-se cópia desse dossie preparado pelo Iterma, contudo, o senhor Miguel se mostrou bastante reticente em entregar uma cópia.
Nada mais exemplar, no que se refere a concentração de terras e estrangulamento de comunidades em pouca extensão de terra, do que o caso da Suzano no Baixo Parnaíba. Antes a chamavam Paineiras, mas de 2008 para 2009 ela passou a se chamar Suzano. É a mesma empresa, tentando driblar possíveis comparações entre uma e outra ou entre o passado e o presente. Assim que a Paineiras ou a Suzano aportaram no Maranhão com incentivos fiscais e tudo mais ratificaram o propósito de plantar eucalipto para a produção de celulose. Que se saiba, o projeto gorou.
Parte das plantações de eucalipto vão para as carvoarias e cerâmicas e o restante vai para São Paulo. Quanto de impostos se perde nesse esquema? Boa mesmo a Paineiras ou a Suzano é em segurar terra, impedindo que a agricultura familiar trabalhe nela. No município de Brejo, Baixo Parnaíba maranhense, ela possuía sem apresentar documentação dez mil hectares de Chapada. Três sojicultores entraram na área e tomaram de conta de boa parte dela. A empresa fez alguma coisa? Fez nada. Se fosse um agricultor ou uma comunidade reivindicando terra aí seria diferente.
(Por Mayron Régis, Ascom Fórum Carajás e Programa Territórios Livres do Baixo Parnaíba, 06/05/2009)