Líderes comunitários de várias favelas reuniram-se nesta quarta (06/05) na Federação das Associações de Moradores das Favelas do Rio de Janeiro (Faferj) para protestar contra o projeto do governo estadual de construir muros no entorno de 13 comunidades cariocas. Ao todo, serão quase 15 quilômetros de um muro de concreto de três metros de altura. As obras começaram no Morro Dona Marta, na zona sul da cidade, em março deste ano. A próxima favela a receber o muro é a favela da Rocinha, onde o canteiro de obras começará a ser instalado nesta quinta (07). Segundo a Empresa de Obras Públicas do estado (Emop), o objetivo da proposta, chamada de “ecolimites”, é impedir a expansão das favelas sobre áreas de matas, na zona sul do Rio de Janeiro.
Mas, de acordo com os líderes comunitários, a construção de muros é uma proposta “segregacionista”. Para o presidente da Associação de Moradores da Rocinha, Antônio Ferreira, em vez de um muro, o governo estadual poderia construir uma espécie de “ecotrilha”, ou seja, uma rua que separaria a favela das áreas verdes e serviria como opção de lazer para a população. “Nessa ecotrilha, as pessoas poderiam caminhar, fazer seu cooper matinal, os idosos também poderiam usá-la como lazer. A ecotrilha seria o ideal para a integração da favela com a cidade. E não o muro, que é o símbolo da separação”, afirmou.
Segundo o presidente da Faferj, Rossino de Castro, o governo do Rio de Janeiro convidou hoje a federação para uma audiência com o governador Sergio Cabral. Apesar da reunião ainda não estar marcada, ele espera que Cabral desista de implantar os "ecolimites". Ele explicou que está convocando todas as associações de moradores de favelas do Rio de Janeiro para um ato no próximo dia 15, para chamar a atenção da população carioca. “Estamos pensando em fazer um ato público na OAB [Ordem dos Advogados do Brasil], juntar as forças e sair com uma marcha até o Palácio Guanabara”, disse.
Além de Rocinha e Dona Marta, receberão os muros as comunidades do Parque da Pedra Branca, Chácara do Céu, Vidigal, Parque da Cidade, Benjamin Constant, Cabritos, Ladeira dos Tabajaras, Babilônia, Chapéu Mangueira, Cantagalo e Pavão-Pavãozinho. O custo total previsto das obras é de R$ 40 milhões.
(Por Vitor Abdala, Agência Brasil, 07/05/2009)