Mais de 20 mil famílias estão desabrigadas no Amazonas e 41 municípios em situação de emergência por conta do volume e força das águas dos rios Negro e Solimões. O número de desabrigados aumenta a cada dia, o ano letivo está comprometido na maioria das cidades e perdida metade da incipiente produção agrícola do Estado.
Nos últimos cinco dias, o nível do Rio Negro passou de 28,75m para 28,85m. Ele amanheceu hoje a 84 centímetros da maior cheia da história, ocorrida em 1953, quando o nível do rio atingiu 29,69m. Segundo alerta do Serviço Geológico do Brasil, Manaus enfrentará uma das maiores cheias de sua história. Se a enchente não superar a de 1953, deverá ficar entre as três maiores.
O acompanhamento da medida das águas do Rio Negro é feita no principal porto de Manaus desde 1902. Os cálculos nas últimas medições feitas pelo Serviço Geológico do Brasil, em parceria com a Agência Nacional das Águas e Sistema de Proteção da Amazônia, apontam que o Rio Negro vai permanecer com cota acima de 29 metros, que é considerada alta, só baixando no início de agosto. De acordo com um prognóstico técnico, existe 70% de chance da cheia deste ano ser maior do que a de 1953.
A Defesa Civil do município estima que 3 mil famílias poderão ser atingidas pela cheia na zona urbana de Manaus e cerca de 200 casas em comunidades da zona rural precisam ser removidas. Os bairros mais afetados pela cheia em Manaus serão São Raimundo, Glória, Matinha, Presidente Vargas, Bariri, São Jorge, São Geraldo, Bairro do Céu e Aparecida, todos nas zonas oeste e sul da cidade.
A Defesa Civil Estadual anunciou que há disponíveis 400 cartões de banco cada um com depósito de R$ 300 e cerca de 70 mil cestas básicas para serem distribuídos, além de remédios, cobertores, mosquiteiros, colchões e kits de limpeza. A Defesa Civil de Manaus está construindo marombas (assoalho levantado à medida que a água sobe) dentro das casas onde não há risco de submersão total, ampliação das obras de pontes de acesso às casas, gerenciamento de abrigos temporário, distribuição de alimentos, água potável e roupas, além de assistência médico-ambulatorial, prevenção contra endemias e epidemias.
Os 62 municípios do Amazonas estão há quase um mês em estado de emergência, sendo os mais atingidos os localizados na calha do rio Solimões, como Benjamim Constant, Atalaia do Norte e Tabatinga, distantes mais de mil quilômetros da capital. Tem chovido pouco no entorno de Manaus nos últimos cinco dias. Em duas estações meteorológicas foram registrados índices pluviométricos de 8,5mm (Aleixo) e 7,2mm (Ceasa).
As condições do tempo, na estação meteorológica localizada no Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, é de céu nublado, temperatura em torno de 25°C, umidade relativa do ar de 88% e ventos fracos de sul-sudeste. A previsão para o dia de hoje é de tempo instável de céu nublado com pancadas de chuva e possíveis trovoadas em áreas isoladas, devendo melhorar no final do período. Para os próximos três dias a previsão é de tempo instável com possibilidade de pancadas de chuva.
(Blog Altino Machado / Amazonia.org.br, 06/05/2009)