A escassez de engenheiros e técnicos qualificados para atuar no mercado de crédito de carbono tem sido um problema para as empresas preocupadas em controlar a emissão de poluentes. Pesquisa recente feita pela Greenhouse Gas Management, organização não-governamental com sede nos Estados Unidos, mostra que, para 85% dos entrevistados (700 líderes) com atividades ligadas às mudanças climáticas e carbono, há uma enorme dificuldade em achar gente capacitada. Cenário que também se evidencia por aqui.
“Não há profissionais disponíveis no mercado, por isso buscamos em outras empresas”, diz Maurício Maruca, sócio-diretor da Araúna Energia e Gestão Ambiental. Exemplo disso foi a contratação do engenheiro químico Nuno Barbosa, de 33 anos, que há dois meses ingressou na companhia para ser um dos responsáveis técnicos pela área de aterros sanitários — local onde são encaminhados resíduos sólidos, principalmente de lixo domiciliar, destino final da grande maioria daquilo que produzimos diariamente. “A proposta da Araúna era bastante atraente, já que havia a necessidade de alguém mais bem preparado”, diz Nuno, que veio do setor financeiro.
Crédito de carbono
Além das empresas do setor, abrem-se muitas oportunidades em consultorias, que na falta desses profissionais têm optado por contratar recém formados e capacitar a mão-de-obra dentro de casa. “No Brasil, existem poucos cursos de formação para atuar no mercado de carbono”, diz Flávio Gazani, presidente da Associação Brasileira das Empresas do Mercado de Carbono. Isso implica o gap de profissionais e alta dos salários. Um técnico júnior começa com 4.000 reais, um gerente de projetos, 7.000 reais, enquanto consultores chegam ao patamar de 12.000 reais. “Mas há diretores de meio ambiente que recebem até 20.000 reais”, diz Flávio.
De acordo com Silvia Sigaud, sóciadiretora da empresa de recrutamento Korn/Ferry, o mercado exige do profissional uma visão não só de meio ambiente, como de aspectos socioeconômicos. “Contam-se nos dedos os profissionais que realmente entendem do assunto”, afirma. Em tempo: o Brasil é o terceiro maior gerador de créditos de carbono do mundo, ficando atrás de Índia e China, respectivamente.
(Por Andrea Giardino, Revista Você S/A / Planeta Sustentável, 06/05/2009)