Reunião com entidades do campo reuniu propostas para governos
O presidente da ALRS propôs a realização de uma audiência pública, na próxima semana, com a presença de ministros e secretários de Estado, para tratar do problema
Representantes de mais de uma dezena de entidades ligadas à agricultura e aos municípios gaúchos reuniram-se no gabinete da Presidência da Assembleia Legislativa na tarde desta quarta-feira (6) para discutir sugestões emergenciais para enfrentar a estiagem que assola grande parte do norte do estado. A reunião foi convocada pelo presidente da Casa, Ivar Pavan (PT) e contou com a participação dos deputados Edson Brum (PMDB, presidente da Comissão de Agricultura), Dionilso Marcon (PT) e Adroaldo Loureiro (PDT), lideranças da Federação dos trabalhadores na Agricultura (Fetag), Farsul, Fetraf-Sul, MST, Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Fecoagro, Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Coredes e Ocergs.
A reunião definiu por encaminhar as propostas, recolhidas durante o encontro, para os governos estadual e federal. A ideia é unificar a pauta e as ações do movimento e transformar as reivindicações, já conhecidas dos governos, em um único documento. “Nas próximas semanas encaminharemos as sugestões”, informou Pavan. “Resolvido o problema emergencial, é preciso pensar em políticas mais estratégicas, que contribuam para o reequilíbrio ambiental do estado, com políticas públicas de grande investimento e pensadas a médio e longo prazo”.
O presidente da ALRS propôs a realização de uma audiência pública, na próxima semana, com a presença de ministros e secretários de Estado, para tratar do problema.
Grave
Na avaliação feita sobre a situação, houve unanimidade quanto ao fato de se tratar da mais grave seca que o estado enfrenta nos últimos anos. “Tenho a impressão que os governos, tanto estadual quanto federal, ainda não se deram conta do tamanho do problema”, avaliou Ivar Pavan (PT). “A herança das secas dos últimos anos irá piorar o quadro nos próximos anos, não lembro de ter visto o fechamento das atividades de prefeituras municipais para cuidar da falta de água”, alertou.
O quadro apresentado pelos participantes foi de grande preocupação. Para enfrentá-la, a maioria dos participantes apontou a necessidade de os governos estadual e federal implantarem medidas emergenciais como a anistia de dívidas até um determinado valor, e da semente no troca-troca, a criação de uma bolsa estiagem para manutenção das famílias na propriedade e até um fundo de reserva, a exemplo do existente para a região nordeste brasileira, que garanta recursos emergenciais às famílias de agricultores. As medidas estratégicas para combater o problema ambiental, que envolva o reequilíbrio do meio ambiente e estabeleça uma política de prevenção à secas, será discutida mais adiante, após ser revolvida a situação emergencial.
Nordeste
O deputado Edson Brum lembrou que o estado enfrenta a sétima estiagem em uma década. Segundo ele, os governos precisam tratar a situação da mesma forma que trata da seca do nordeste, com programas permanentes de ajuda aos agricultores.
Para o representante da Fecoagro, Rui Polidoro, a ação política é extremamente importante nesta hora. Áureo Scherer, do MPA, avaliou que o Rio Grande do Sul está a beira do colapso. Jairo Boelter, da Fetraf-Sul, defendeu que é hora de o Governo do Estado implantar seu anunciado programa de irrigação. Para Adelar Preto, do MST, é preciso atacar a causa do problema, que, segundo ele, está na degradação ambiental.
Segundo o representante da Farsul, Jorge Rodrigues, a economia gaúcha sofrerá prejuízos da ordem de R$ 730 milhões com a estiagem atual. “São recursos que deixarão de circular no comércio e setor de serviços, com perdas nas safras de grãos e na produção do leite”.
(AL-RS, 06/05/2009)