Lideranças indígenas de todo o país ressaltaram na coletiva do Acampamento Terra Livre 2009 a importância de um Estatuto que respeitem esses povos nas suas particularidades.Também afirmaram que vão lutar por leis que os defendam principalmente em relação às questões mais controversas do documento, como mineração, hidrelétricas e grandes obras dentro de terras indígenas.
Marcos Xucuru, uma das lideranças da Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme) afirmou que o grande objetivo deste encontro de povos é a mobilização para aprovação de um Estatuto que está há mais de 14 anos parado no congresso. “Precisamos colocar o Estatuto na ordem do dia do governo e assumir o protagonismo da história indígena”, ressaltou. Como parte da Comissão Nacional de Política Indigenista (CNPI), Marcos também reforçou a importância de se discutir mineração de hidrelétricas, lembrando que os indígenas precisam lutar para que haja consulta prévia sobre o assunto.
Romancil Cretã, liderança Kaingang que faz parte da Articulação dos Povos Indígenas do Sul (Arpinsul) destacou o descaso do Estado em relação à demarcação de terras para os povos indígenas, principalmente da região sul. “Nesses mais de 500 anos, nossos parentes morreram sem poder se defender, mas agora nós estamos cansados e vamos lutar por nossa terra até o fim, porque não é por dinheiro, é por nossos filhos”, afirmou.
Criminalização
Todos os participantes da mesa destacaram a criminalização de povos indígenas como ponto a ser combatido numa luta diária. Saulo Feitosa, do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), ressaltou a grande demanda de processos criminais contra indígenas. “Além sofrerem com esses processos, os índios são ameaçados de morte a todo tempo, e discriminados. Temos aqui nesta mesa, exemplos de pessoas que perderam os pais na luta, como o Marcos Xucuru, que perdeu seu pai, Cacique Xicão, e Romancil Cretã, que também perdeu seu pai Ângelo Cretã”, lembrou.
Para as lideranças, a questão da criminalização está muito ligada à questão de terras. A maioria das violências praticadas contra povos indígenas tem como pano de fundo a disputa por terras com grandes fazendeiros ou mesmo multinacionais.
O Acampamento Terra Livre é realizado pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e pelo Fórum em Defesa dos Direitos Indígenas (FDDI)
Contatos:
Marçy Picanço – (61) 99797059 / imprensa@cimi.org.br
Maíra Heinen – (61)99796912 / editor.porantim@cimi.org.br
Gustavo Macêdo – (61) 81007361 / ascomapib@gmail.com
(Cimi, 05/05/2009)