Já são quatro meses de chuva abaixo da média no Oeste do Estado. De acordo com o observador meteorológico Francisco Schervinski, da Epagri em Chapecó, o ano começou com precipitações inferiores à média e o problema se agravou nos últimos dois meses. O número de municípios em emergência chega a 83 (reconhecidos pela Defesa Civil Estadual). Em março, choveu apenas 17 milímetros. Em abril, 36. A média história é de 167 milímetros. Somando os quatro primeiros meses do ano, foram 382,9 milímetros, contra 663 milímetros da média.
O secretário de Agricultura de Chapecó, Mauro Zandavalli, disse que cerca de cem famílias estão recebendo água no interior do município. São dois caminhões da prefeitura e dois do Corpo de Bombeiros levando cerca de 80 mil litros de água por dia. Nesta segunda (04/05), o município recebeu mais um caminhão-pipa, que deve reforçar o atendimento. O prejuízo, que era de R$ 12 milhões no mês passado, deve aumentar, segundo o secretário. Isso devido ao acréscimo das perdas na produção de leite, que já chega a 50%.
– As pastagens de verão secaram e não há umidade para plantar as de inverno – frisou.
Com isso, os produtores estão tendo que usar ração e silagem, o que aumenta o custo em 30%. Zandavalli solicitou que as agroindústrias não reponham animais em propriedades que não tenham água suficiente. O secretário disse que seria necessário viabilizar um auxílio para os produtores, que ficarão sem renda.
O produtor Vitório Pecini, da linha São Roque, só não vai ficar sem renda devido ao aviário.
– Se dependesse da lavoura de milho, ficaria sem nada – frisou.
Pecini plantou inicialmente nove hectares, onde pretendia colher pelo menos 900 sacas. Com a seca, a produção ficará em 180 sacas. O agricultor tentou plantar mais cinco hectares, mas novamente não desenvolveu. Mesmo com o auxílio do seguro agrícola, que descontou R$ 7 mil da dívida de R$ 11 mil, ele acha que não vai sobrar nada:
– Não sei se vou colher o suficiente para pagar os R$ 4 mil restantes. Para piorar, a produção de leite, que era de 150 litros por dia, caiu para cem litros/dia. Já devia ter semeado a pastagem, mas não chove.
Hoje (05), às 10h, no Centro Administrativo do Estado, em Florianópolis, o governador Luiz Henrique da Silveira (PMDB) anuncia medidas que serão tomadas para minimizar o impacto da seca.
(Por Darci Debona, Diário Catarinense, 05/05/2009)