As chuvas que castigam o Nordeste desde o início de abril já afetaram, só no Maranhão, 128 mil pessoas em 41 municípios. Até a tarde desta segunda (04/05), 47.313 pessoas haviam deixado suas casas devido às inundações. A maioria (25.430) estava alojada em residências de parentes ou amigos. As demais foram levadas a abrigos públicos. Em Trizidela do Vale, uma das cidades mais atingidas, não há mais local para receber os desabrigados, que estão sendo levados para municípios vizinhos. Dos 18 mil habitantes da cidade, cerca de 15 mil foram afetados pelas chuvas.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve sobrevoar hoje (05) áreas alagadas do Maranhão e do Piauí. Ontem, o ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) esteve em São Luís, onde se reuniu com a governadora Roseana Sarney (PMDB) e com prefeitos das cidades maranhenses atingidas. Até ontem, 29 municípios haviam decretado situação de emergência, e 1 (Monção), calamidade pública.
O Estado ainda não estimou os prejuízos. Os produtores do Maranhão não estão conseguindo colher a safra, e a soja apodrece em muitas propriedades. As chuvas atingiram a bacia leiteira do Estado. Com as estradas intransitáveis, os produtores não estão conseguindo escoar o leite. Caminhoneiros que estão há dez dias com os veículos parados devido à interdição de rodovias fizeram ontem um protesto e fecharam todos os desvios. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal, não havia nem ao menos ligação entre São Luís e Teresina.
No Piauí, as chuvas do final de semana fizeram o nível do rio Poti subir além do esperado e o número de famílias desabrigadas e desalojadas chegar a dobrar. Agora já são 27 mil pessoas fora de suas casas no Estado. A cidade mais atingida é Teresina, com 1.424 famílias desabrigadas e desalojadas. No Ceará, o número de pessoas fora de casa devido às cheias e enxurradas subiu de 15 mil para 18 mil nos últimos quatro dias. Apesar de a chuva ter dado uma trégua nas cidades mais atingidas, no norte do Estado a previsão é de chuva nos próximos dias. Segundo a Defesa Civil, 52 municípios continuam com enchentes.
Amazônia
As cheias da bacia amazônica obrigaram a população de Barreirinha (a 329 km de Manaus) a abandonar suas casas e procurar abrigo em outras cidades. O município, que tem 26 mil habitantes e é banhado pelo rio Amazonas, está debaixo d'água. O prefeito Mecias Batista (PMN) diz que irá decretar hoje estado de calamidade pública. Na localidade, o nível do rio atingiu 8,96 m, a 1,83 m de atingir o recorde histórico, de 1971 (10,79 m). O governo do Estado já decretou situação de emergência nos 62 municípios.
(Folha de S. Paulo, 05/05/2009)