Com a inclusão de Porto Alegre na zona de risco para a transmissão de febre amarela no Estado, 10 locais se tornaram territórios de risco para as pessoas que ainda não se vacinaram contra a doença. As áreas de mata nativa, localizadas principalmente nas zonas leste e sul da Capital, são ambientes que podem abrigar os mosquitos transmissores do vírus que já provocou a morte de sete pessoas desde outubro no Rio Grande do Sul.
Atransmissão urbana da febre amarela não ocorre no Brasil desde 1942. Com isso, a preocupação das autoridades recai sobre as áreas de mata fechada. Com a alerta do risco de transmissão da doença na forma silvestre, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smam) enumerou as 10 principais áreas de mata da Capital, onde existe a possibilidade de presença dos mosquitos vetores.
As principais áreas de mata do município estão localizadas nos morros das zona leste e extremo-sul, conforme a bióloga Soraya Ribeiro, coordenadora do Programa de Fauna Silvestre da Smam. As áreas verdes intocadas do Parque Estadual Delta do Jacuí, nas Ilhas, e na Reserva Biológica do Lami, também estão incluídas na relação.
– Não é o matinho da Redenção que nos preocupa, mas as áreas de mata fechada. Por enquanto, os mosquitos estão do outro lado do Guaíba, mas a população deve evitar qualquer área de mata – avalia o coordenador do Centro Estadual de Vigilância em Saúde, Francisco Paz.
Para as pessoas que moram nas proximidades de matas e rios, especialmente os novos condomínios construídos junto a essas áreas, a vacina é a única forma de prevenção confiável contra o vírus. Ela passa a fazer efeito 10 dias após a aplicação. Paz esclarece que as áreas arborizadas dos parques urbanos não representam risco aos frequentadores por não serem hábitat dos mosquitos.
1.602 bugios já morreram desde o início do surto
Desde o aparecimento dos casos de febre amarela, 1.602 bugios foram encontrados mortos em 136 municípios do Estado. Desses, pelo menos 79 foram vítimas da febre amarela. O animal é sensível ao vírus e sua morte indica aos órgãos de saúde a presença dos mosquitos transmissores.
– Por desinformação e medo, muitas pessoas acabam matando os bugios por acreditarem que eles são os transmissores da doença. Os bugios são vítimas e nossos sentinelas – explica o biólogo Júlio César Bicca-Marques, coordenador do Laboratório de Primatologia da Pontifícia Universidade Católica (PUCRS).
(Zero Hora, 05/05/2009)