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conflito fundiário violência rural grilagem de terra
2009-05-05

Quatro anos depois da morte da missionária americana Dorothy Stang em Anapu, no Pará, uma outra freira ativista de direitos humanos corre o risco de também ter um destino trágico. A irmã Leonora Brunetto, de 63 anos, 40 deles dedicados aos pobres, vive sob ameaça de morte no Norte de Mato Grosso, onde desenvolve um trabalho de conscientização junto a pequenos agricultores e sem-terra. Sem esconder o medo de falar por telefone — pelo qual tem recebido inúmeras ameaças —, ela disse que não vai desistir da sua luta contra fazendeiros que teriam invadido áreas públicas e grilaram terras. “Tenho compromisso com o Evangelho”, disse ela. “Tento segurar minha vida ao máximo, faço o que eu posso, mas se acontecer, o que eu posso fazer?”, diz a freira, sobre as ameaças de morte que vem sofrendo. “Se eu acabar, ninguém vai fazer meu trabalho. E uma a mais ou uma a menos fazendo o meu trabalho faz diferença”.

O Globo - A senhora está sendo ameaçada por conta de conflitos agrários em Mato Grosso?
Leonora Brunetto -
A gente não quer dizer, mas é por aí. Na verdade, não falam coisa com coisa, falam só besteiras. “Você está?”, “Vai ficar bem?”, “Espere um pouco, vai chegar a sua vez”.

Por que a senhora está sendo ameaçada?
Brunetto -
Pela situação de trabalho escravo, da destruição das matas, da luta pela agricultura familiar. É difícil falar sobre isso porque meu telefone está sempre clonado. Já fui muito ameaçada. No ano passado, havia parado, mas recomeçou.

Já sofreu algum atentado?
Brunetto -
Dois, mas pelo amor de Deus, é uma história muito ruim. Passaram a noite rodeando a minha casa e vizinhos me ligaram para dizer que (gente dos fazendeiros) estavam rodando. Ficamos em vigília. Aí, um amigo veio aqui para casa para nos proteger. E nesse mesmo dia, à tarde, mataram ele.

Como foi o outro atentado?
Brunetto -
Não posso falar pelo telefone, é difícil falar sobre isso ao telefone.

Agricultores e sem-terra também são ameaçados?
Brunetto -
Para eles, as ameaças chegam de forma direta, passam com caminhonete em cima deles, das motos deles, e também das plantações.

São madeireiros as pessoas que fazem as ameaças?
Brunetto -
Não. São fazendeiros. Eles não querem a retomada das áreas públicas. O maior problema são áreas griladas da União. Os agricultores estão com o Incra, lutando por assentamento, mas os fazendeiros não querem deixar entrar. Nossa luta é ao lado da CPT (Comissão Pastoral da Terra).

Já foram registradas mortes aí na região de Nova Guarita (divisa de Mato Grosso e Pará)?
Brunetto -
Aqui em Mato Grosso? Só num acampamento foram sete mortos, entre 2004 e 2006. Em outro foram mortos mais dois.

A senhora está recebendo proteção da Polícia Federal?
Brunetto -
É, fico meio escondida. Volta e meia eles (fazendeiros) estão me monitorando.

Que tipo de trabalho a senhora faz com esses agricultores?
Brunetto -
Faço um trabalho de conscientização pelos direitos, pela terra, pela dignidade, pela vida. Os agricultores fazem a segurança, é mais garantido.

A senhora já pensou em abandonar a região?
Brunetto -
Não vou deixar o povo do jeito que está. Tenho compromisso com o Evangelho, com a continuidade da missão que Jesus começou. O que posso fazer? Estou evitando, quero a minha vida. Tento segurar minha vida ao máximo, mas se acontecer, o que posso fazer? Vou me defender porque a vida é preciosa, e, se eu acabar, ninguém vai fazer meu trabalho.

(Por Flávio Freire, O Globo / IHU Online, 03/05/2009)


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