O navio-sonda JOIDES Resolution do Programa Integrado de Sondagem do Oceano (Integrated Ocean Drilling Program = IODP) está retornando ao porto em Honolulu nesta semana após uma viagem de dois meses para cartografar uma história detalhada do Oceano Pacífico Equatorial. A expedição foi a primeira de duas viagens sucessivas de um projeto chamado Transecto Cronológico do Pacífico Equatorial (Pacific Equatorial Age Transect = PEAT). Foi a primeira expedição científica internacional de sondagem depois que o JOIDES Resolution passou por uma reforma que durou vários anos, para transformá-lo em um laboratório científico flutuante do século XXI.
As expedições do PEAT estão recolhendo uma série de registros históricos de sedimentos em várias localizações geográficas diferentes sob o Oceano Pacífico Equatorial. O primeiro esforço de pesquisa, intitulado Expedição 320, teve lugar de 5 de março a 4 de maio de 2009; a Expedição 321 acontecerá de 5 de maio a 5 de julho de 2009. A parte científica da Expedição 320 foi co-chefiada por Heiko Palike da Universidade de Southampton, Reino Unido, e Hiroshi Nishi da Universidade de Hokkaido, no Japão. Na Expedição 320, os cientista obtiveram registros que remontam desde a época presente até o mais quente dos períodos de "estufa" na Terra, que aconteceu em torno de 53 milhões de anos atrás.
Os estudos realizados ainda a bordo revelaram que as mudanças na acidificação do oceano ligadas às mudanças climáticas têm um impacto grande e global sobre os organismos marinhos. "Os sedimentos coletados durante esta expedição proporcionam um vislumbre sem precedentes sobre a evolução do Pacífico tropical, uma das regiões oceânicas maiores e mais importantes em termos climáticos na Terra", declarou Julie Morris, diretora da Divisão de Ciências Oceânicas da Fundação Nacional de Ciências (NSF).
"Ao focalizar um período que inclui alguns dos melhores similares para bruscas mudanças no clima, eventos climáticos extremos, acidificação do oceano e mundos 'estufa', os resultados nos dão perspectivas acerca dos impactos em potencial vindos de mudanças climáticas futuras". As mudanças ambientais ficam registradas nas conchas de pequenos micro-fósseis que constituem os sedimentos do mar profundo.
"Nós podemos usar os micro-fósseis e as camadas desse 'arquivo' sedimentar como referência para medir a idade geológica", declarou Hiroshi Nishi. "Isso nos permitirá estabelecer os ritmos de mudanças ambientais, tais como a primeira expansão rápida das calotas polares na Antártica, a 33,8 milhões de anos. Esse processo polar tem um impacto profundo sobre o fitoplâncton até no Equador". "Conseguimos retirar vários registros dessa importante transição climática".
Heiko Pälike declarou que "é realmente notável ver 53 milhões de anos de história serem trazidos à superfície sobre o convés do navio-sonda, passados por nossas mãos e passarem adiante. Nós vimos em primeira-mão os efeitos da máquina climática da Terra em ação". Para a subsequente Expedição 321, os co-chefes científicos serão Mitch Lyle da Universidade Texas A&M, dos EUA, e Isabella Raffi da Universita "G. D'Annunzio" da Itália.
(Por João Carlos, Chi Vó, Non Pó, 01/05/2009)