O Guaíba esverdeado deixa os porto-alegrenses com os sentidos aguçados, especialmente o paladar e o olfato ao abrir as torneiras. Ontem, quem esteve na orla deparou com a tonalidade que em épocas de estiagem, principalmente no verão, indica a proliferação acentuada de algas. Em anos anteriores, o fenômeno chegou a alterar o gosto e o cheiro da água tratada.
Até ontem, o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) desconhecia qualquer efeito no gosto ou no cheiro da água distribuída. Pelo telefone 115, nenhuma queixa foi recebida, o que fez o departamento não indicar representante para falar sobre o assunto com receio de se antecipar a um problema que não existe. O Dmae investiu nos últimos anos e conseguiu reduzir o problema.
Segundo Luiz Augusto dos Santos Ercole, engenheiro civil e sanitarista com mestrado em tratamento de águas, a principal causa do transtorno não mudou: a poluição orgânica.
– O volume de água reduz, mas a quantidade de matéria orgânica é a mesma. Mesmo que a temperatura tenha baixado um pouco, ainda não caiu o suficiente para atrapalhar as algas, especialmente com vários dias de sol – diz o especialista.
Por enquanto, poucas pessoas dizem ter notado diferença. Entre elas, o gerente de um restaurante no bairro Ipanema. Há mais de 30 anos no negócio, ele tem o paladar apurado.
– Faz pouco mais de uma semana que venho notando um gosto estranho – afirma.
(Zero Hora, 04/05/2009)