A vigilância contra a gripe deve ser intensificada tanto em relação a humanos quanto a animais, agora que o vírus H1N1 infectou porcos no Canadá, disse neste domingo (03/05) a Organização Mundial da Saúde (OMS). Peter Ben Embarek, especialista da OMS em segurança alimentar, enfatizou que não há recomendação para sacrificar porcos em nenhum lugar do mundo por conta do vírus. Segundo ele, a carne de porco bem cozida e produtos à base de porco continuam seguros para o consumo. "Essa não é uma doença que veio da comida", afirmou ele a jornalistas em Genebra. Ele pediu que veterinários, empregados de fazenda, entre outros, tenham cuidado quando estiverem lidando com animais vivos, para evitar um possível contágio. "A carne comercializada, processada, crua ou congelada não sofre restrição, porque não há praticamente risco de transmissão dessa forma", declarou o especialista. "Você pode ter um risco com animais vivos, mas, ao lidar com o produto final, não há grande risco", disse.
Autoridades da área de saúde do Canadá afirmaram no sábado (02/05) que um rebanho suíno na província ocidental de Alberta aparentemente pegou o vírus de um carpinteiro que tinha viajado ao México, o epicentro do surto da doença, que já atinge 19 países. "Assim como aconteceu uma vez, pode acontecer de novo", disse Ben Embarek, a respeito da infecção nos porcos. Segundo ele, talvez seja o caso de pessoas em contato com animais usarem roupa de segurança. No início deste domingo, a agência das Organização das Nações Unidas (ONU) para alimentos afirmou em Roma, na Itália, que o caso no Canadá é motivo de preocupação e defendeu a necessidade de aumentar a vigilância nas criações de porco.
Contra a recomendação da OMS, alguns países limitaram as importações de porcos dos Estados Unidos. O Egito ordenou que todos os porcos do país fossem abatidos, entre 300 mil e 400 mil animais. Ben Embarek disse que, embora o vírus pareça não ter entrado em mutação ao infectar os porcos no Canadá, a situação precisa ser observada, para o caso de o vírus ficar ainda mais perigoso. "É importante assegurar que a doença, em animais, não se espalhe geograficamente", afirmou o especialista da OMS. Cerca de cem pessoas já morreram da doença, conhecida popularmente como "gripe suína". De todas as mortes, só uma não foi no México.
(Por Laura MacInnis, Reuters Brasil, 03/05/2009)