O biólogo e consultor Millos Augusto Stringuini afirma que as mudanças ambientais podem ser a origem da força com que a febre amarela atingiu o Rio Grande do Sul, mas enfatiza que a situação atual é resultado de um conjunto de fatores, não de um caso isolado. Na lista de possíveis causas da epidemia, Stringuini destaca o avanço do ser humano sobre áreas de mata virgem, morada dos mosquitos.
– É como entrar com uma motosserra na casa de uma pessoa. Ela vai reagir de alguma forma, assim como fez o mosquito – compara.
Além disso, ele também acredita que a estiagem que aflige o interior gaúcho desde o ano passado pode ter reduzido a quantidade de predadores naturais, como pássaros e sapos, que impõem limites à população de insetos. Sem os predadores, os mosquitos se viram em um ambiente com poucos adversários naturais e em condições ideais para se reproduzir.
– Como um efeito dominó, as peças vão derrubando as outras. Vale lembrar que as mudanças climáticas são globais, o que faz uma doença migrar de um local para outro – explica Stringuini.
Segundo o coordenador do Centro Estadual de Vigilância em Saúde, Francisco Paz, estudos internacionais mostram que várias doenças endêmicas tiveram a área geográfica de ação ampliada. Entre as doenças que podem se se transformar em uma ameaça, encontra-se a malária, que estaria presente em áreas próximas ao Estado.
– Não temos como saber se vai chegar aqui ou não. O importante desses estudos é nos deixar em alerta e monitorando o aparecimento dessas doenças que não nos ameaçavam, mas que agora estão perto da gente. Temos de estar preparados – ressalta.
(Zero Hora, 03/05/2009)