Trabalho tem sido árduo para manter gado e o que restou das lavouras
O município de Alecrim, na Fronteira-Noroeste do Estado, completa quatro meses de serviços de distribuição de água para consumo humano e animal em comunidades do interior atingidas pela estiagem. No segundo decreto consecutivo de situação de emergência, o município tem 400 famílias que sofrem com a falta de água para consumo humano e animal, além de outras 110 famílias castigadas pela escassez apenas para a sustentação do gado.
O 1º de Maio foi de trabalho no município. Luciano Luis Meneghini, funcionário da Prefeitura de Alecrim, há quatro meses realiza, todos os dias, a captação de água no rio Uruguai e a distribuição nas comunidades rurais. Ele conta que, com 28 anos, sempre residindo na cidade, nunca viu seca igual: 'Além de ser o meu trabalho, que não cessou no Dia do Trabalhador, é uma questão de solidariedade com o povo que sofre com a estiagem em toda a região. Temos que ajudar nossos colonos, que colocam comida na mesa de todo o país', ressalta.
Segundo o secretário municipal de Desenvolvimento Rural, Marivando Lena Lamberti, além dos caminhões-pipa e caminhões que carregam água em tonéis, a prefeitura tirou os bancos de um ônibus para transportar bolsas de lonas, com água, que também são distribuídas nas comunidades do interior. No total, são 90 mil litros de água entregues diariamente na cidade.
Produtor da localidade de Alto Biguá, Milton Leichtweis completou 46 anos neste sábado. Como presente ele espera a chuva, que viu pela última vez no dia 20 de fevereiro: 'Uma chuva agora é apenas para amenizar a situação. Minha renda é apenas da produção leiteira, a seca acabou com a pastagem. O milho para silagem já está acabando. Sem falar no único açude onde meus animais tomam água, que está praticamente seco'.
Leichtweis produzia 80 litros de leite por dia, hoje são apenas 30. Uma quebra de 62% na produção. No açude foram perdidos quase mil peixes. 'Nasci em Alecrim e nunca vi seca como esta', lamenta.
(Correio do Povo, 02/05/2009)