Famílias de não-índios que já deixaram a Terra Indígena Raposa Serra do Sol (RR) ou que estão prestes a sair da reserva criticam as opções de reassentamento oferecidas pela União. Parte dos ex-moradores da reserva foi realocada no Projeto de Assentamento Nova Amazônia, área rural próxima à Boa Vista, e outra em casas populares novas no Bairro Cidade Satélite, na periferia da capital de Roraima. Lá, as casas ainda estão sem água e luz. “O governo acha que somos porcos”, criticou Alaíde Rebouças, 47 anos, que morava com a mãe na Vila Surumu, onde tinham um pequeno comércio e uma casa que foram avaliados em R$ 40 mil. Segundo ela, o mais justo seria receber R$ 80 mil, mais um valor pelo lucro que deixarão de ter com o fechamento do comércio.
Vanda Batista, de 53 anos, mora em um pequeno sítio na Raposa, em uma área de difícil acesso, e não saiu ainda da terra indígena porque está doente e pediu ajuda de transporte. Mas o seu maior desejo é conseguir provar a descendência indígena para não ter de ser reassentada. “Nesse bairro [Cidade Satélite], até se eu estivesse morta num caixão, eu levantaria e sairia de lá, onde a luz é só a do sol”, disse Vanda.
O presidente do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região, desembargador Jirair Meguerian, responsável por supervisionar a desocupação da reserva, minimizou as críticas às opções de reassentamento. Ele prometeu que os serviços de água e energia elétrica estarão em pleno funcionamento nas casas do Cidade Satélite na próxima segunda-feira (4) e ressaltou que as casas populares do bairro serão melhores do que as deixadas pelas famílias na Raposa.
(Por Marco Antonio Soalheiro, Agência Brasil, 02/05/2009)