Os cinco arrozeiros que ocupavam até esta quinta (30/04) a Raposa Serra do Sol, em Roraima, foram convidados pelo governo da Guiana, que faz fronteira com o Brasil -e com a terra indígena-, a plantarem no país. No início desta semana, em Boa Vista, os produtores se reuniram com Robert Persaud, ministro da Agricultura da Guiana. Ele se comprometeu a ajudá-los com tudo, como logística e infraestrutura, mas há condicionantes: 85% da força de trabalho deverá ser guianense e a terra não será dos arrozeiros. Haverá cessão de uso do solo, por até 25 anos, renováveis pelo mesmo prazo.
A Embaixada da Guiana em Brasília disse desconhecer a informação. Os rizicultores, que ainda não decidiram sobre a proposta, vão visitar o país nos próximos dias. O interesse da Guiana pelo arroz de Roraima não é recente. Os primeiros contatos ocorreram em 2005, quando a reserva foi homologada pelo presidente Lula. Na época, a conversa não prosperou, sendo retomada agora.
Segundo Nelson Itikawa, um dos cinco arrozeiros que estavam na Raposa e presidente da Associação dos Arrozeiros de Roraima, o governo da Guiana ofereceu duas possibilidades de área para eles se instalarem. Uma é na cidade de Lethem, vizinha da brasileira Bonfim, em Roraima. O local seria melhor pela proximidade com Boa Vista (pouco mais de 140 km), onde os fazendeiros têm empresas de processamento de arroz e pelo fato da cidade ser cortada pelo rio Tacutu, o que favorece o plantio. O outro local é na região de Georgetown, capital do país, que possui porto, de onde a produção pode ser escoada para outros países. Mas os custos da mudança para lá seriam maiores.
(Por Lucas Ferraz, Folha de S. Paulo, 01/05/2009)