No dia em que venceu o prazo dado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) para que os não índios deixassem a terra indígena Raposa/Serra do Sol, produtores rurais e moradores que saíram da reserva fizeram uma manifestação pelas ruas de Boa Vista. O protesto continuava na noite desta quinta (01/05). Com tratores, caminhões e máquinas agrícolas, os manifestantes percorreram ruas da capital. A concentração foi em frente ao palácio do governo. Lá, fizeram discursos contra o governo federal, a Funai (Fundação Nacional do Índio) e ONGs como o CIR (Conselho Indígena de Roraima).
A Polícia Militar estimou em 120 o número de manifestantes. O líder dos arrozeiros e ex-prefeito de Pacaraima, Paulo César Quartiero (DEM), afirmou que "ao menos mil pessoas" estavam na praça no início da noite. Enquanto protestam e aguardam a operação da retirada da reserva (o prazo para sair vencia à 0h de hoje), os arrozeiros continuam transferindo tratores e outros equipamentos que tinham dentro da área para Boa Vista. O pátio da empresa de Quartiero está lotado há dias.
Para o secretário de comunicação de Roraima, Rui Figueiredo, o destino dos que deixam a área é um problema. "O que essas famílias farão em Boa Vista? Esse é o grande problema. Não sabem para onde vão. A decisão do governo federal não levou em conta que previamente se resolvesse isso." O governo de Roraima, sob o comando do tucano José de Anchieta Júnior, sempre foi contrário ao governo federal, reivindicando que a reserva não fosse demarcada de forma contínua, como ocorreu.
Os não índios, afirma Figueiredo, terão prioridade para serem reassentados em terras transferidas da União para o Estado. Em janeiro, o presidente Lula assinou uma medida provisória transferindo 6 milhões de hectares de terras da União para Roraima. Entretanto, uma estimativa do governo do Estado aponta que cerca de 80% da área doada já esteja ocupada.
(Por José Eduardo Rondon, Folha de S. Paulo, 01/05/2009)