Há suspeita de que rios estejam contaminados por soda cáustica. Peixes apareceram mortos e moradores estão sem água.
O Ibama multou a empresa Alunorte em R$ 5 milhões pelo vazamento de resíduos industriais em córregos do município de Barcarena, no Pará. Na última segunda-feira (27/04), chuvas provocaram o transbordamento dos rejeitos da empresa, que realiza a transformação da bauxita em alumina, matéria-prima para a fabricação do alumínio.
Na última terça-feira (28), especialistas do Instituto Evandro Chagas e do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves recolheram amostras de água do local, pois há suspeita de que a água tenha sido contaminada com soda cáustica, material tóxico usado no processamento da bauxita. Muitos peixes apareceram mortos e moradores que vivem às margens do rio estão sem água potável.
Em nota divulgada à imprensa, o Ibama afirma que, além dos R$ 5 milhões, a Alunorte terá que pagar R$ 100 mil por ter dificultado a fiscalização. Segundo o órgão ambiental, funcionários da empresa barraram a entrada dos fiscais por 45 minutos no dia do acidente, atrapalhando a vistoria.
Outro lado
A Alunorte publicou nota na noite desta quarta-feira (29) afirmando que não há qualquer risco para a saúde das pessoas ou uma evidência forte para ocorrência de mortandade de peixes no local. Além disso, a empresa argumenta que não houve rompimento do sistema de escoamento de águas pluviais e nem de barragem, e que o que ocorreu foi o transbordamento de um dos canais de coleta de água de chuva, na última segunda-feira (27) “em função de um temporal de intensidade nunca antes registrada na história da região”.
Com o transbordamento da água de chuva misturada com resíduos de bauxita, que contêm soda cáustica, diz a empresa, uma parte desta água alcançou o Rio Murucupi, alterando sua coloração. A Alunorte declara ainda que intensificou o monitoramento e a análise da água do rio imediatamente após o ocorrido e que contratou duas empresas especializadas em análises ambientais a fim de avaliar as condições da água.
De acordo com o laudo de uma dessas empresas, para as amostras de diversos pontos do rio que tiveram a acidez analisada, a conclusão foi que encontram-se dentro dos limites estabelecidos pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama). “Sobre a multa aplicada pelo Ibama, a Alunorte irá recorrer, pois entende que o acidente foi provocado por um fenômeno da natureza”, conclui a companhia.
(Globo Amazônia, 29/04/2009)