Os Estados Unidos e a União Europeia (UE) se mostraram mais otimistas em relação ao alcance de um acordo global sobre a mudança climática em Copenhague (Dinamarca), apesar de terem dito que as negociações não serão fáceis.
O enviado especial dos EUA para a mudança climática, Todd Stern, afirmou nesta quarta-feira (29) que, após dois dias de reuniões entre representantes da ONU, da União Europeia (UE), da Dinamarca e das 16 maiores economias do planeta, está "um pouco mais otimista" quanto a um pacto que substitua o Protocolo de Kyoto, que expira em 2012.
No entanto, destacou que não quer "subestimar as dificuldades para o alcance de um acordo em Copenhague" em dezembro deste ano.
"Foi uma boa reunião, mas isso não muda o fato de que não será fácil chegar a um acordo", disse Stern ao término de uma sessão do fórum, preparatório para o encontro de presidentes que acontecerá em julho, na Itália, no âmbito da reunião semestral do G8 (os sete países mais desenvolvidos e a Rússia).
O assessor adjunto do Conselho de Segurança dos Estados Unidos para Assuntos Econômicos Internacionais, Michael Forman, classificou o diálogo entre as delegações como "muito construtivo".
O fórum, que reuniu os países responsáveis por 80% das emissões mais a Dinamarca - na condição de país-sede da conferência de Copenhague -, quer ajudar na construção de um consenso com vistas às negociações de dezembro.
"Este fórum pode ser um forte apoio para o marco da ONU e um instrumento para a cooperação entre as 16 maiores economias" e a Dinamarca, afirmou Forman.
A reunião da terça foi aberta pela secretária de Estado americana, Hillary Clinton, que tentou mostrar à comunidade que a política de seu país para a mudança climática mudou, ao assegurar que o novo Governo está decidido a recuperar o tempo perdido, a se envolver totalmente na luta contra o aquecimento global e a exercer uma liderança ativa.
Outros representantes do Governo americano que participaram das sessões foram o secretário de Energia, Steven Chu, e o assessor da Casa Branca para a Ciência, John Holdren. Já o presidente Barack Obama reservou parte da sua tarde para se reunir com os líderes das delegações convidadas.
O enviado da Comissão Europeia (CE), João Vale de Almeida, disse em entrevista coletiva que a UE "avalia" a mudança na política anunciada pelo Governo de Obama. Na opinião dele, os EUA mostraram um "firme compromisso" com a luta contra a mudança climática.
A UE considera a contribuição dos EUA "crucial" para que o combate às alterações do clima tenha sucesso. Mas as diferenças entre ambas as partes em assuntos-chave, como a redução nas emissões de gases tóxicos, ainda são evidentes.
Até 2020, Obama quer a liberação de gases estufa na atmosfera seja reduzida em 20%. A UE quer uma diminuição de 20% até o mesmo ano, mas está disposta a promover um corte de 30% "se outros países desenvolvidos demonstrarem o mesmo compromisso", disse Vale de Almeida.
A próxima reunião preparatória para a reunião de dezembro será em maio, na França, e a última, em junho. Mas o mais provável é que o fórum continue se reunindo mesmo depois do encontro presidencial de julho.
(Folha Online / AmbienteBrasil, 29/04/2009)