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radiação solar aumento da temperatura impactos mudança climática
2009-04-30

A baixa atividade solar nos últimos 18 meses, que pode levar a uma diminuição da temperatura média mundial em 2009, começa a despertar dúvidas se as previsões de mudanças climáticas estariam corretas

O astrônomo David Whitehouse, autor do livro The Sun: A biography, publicou um artigo no jornal britânico The Independent nesta semana sobre um tema que vem cada vez mais preocupando climatologistas ao redor do mundo: a baixa atividade solar e sua relação com as mudanças climáticas. A idéia de um sol mais ‘calmo’ e as suas conseqüências para o clima já vem sendo utilizada como argumento por céticos e críticos do aquecimento global que questionam até que ponto as previsões de mudanças climáticas se concretizarão. Ainda, destacam alguns deles, se a Terra esfriar mesmo com o acúmulo de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, qual seria a verdadeira influência do efeito estufa no clima?

O sol é formado em sua grande parte por hidrogênio na forma de plasma, que, de tempos em tempos, devido ao movimento de rotação e ao efeito de seu próprio magnetismo, liberam grande quantidade de energia, inclusive com a expulsão de matéria da fotosfera (a camada visível do Sol). Esse fenômeno recebe o nome de mancha solar (sunspot). Quanto maior a freqüência dessas manchas, mais alta é a atividade solar, e mais energia a Terra recebe do astro.

Em 2008 foram registrados 266 dias, ou 73% do ano, sem a localização de manchas solares. Até o dia 31 de março de 2009, foram 70 dias sem elas ou 87% do ano. Para se ter uma idéia, a menor incidência de manchas foi 1913, com 311 dias sem o registro de atividades desse tipo. “Este é o sol mais ‘quieto’ que qualquer pesquisador vivo já presenciou”, afirmou o cientista solar da Nasa, David Hathaway.  “Desde o começo da era espacial tivemos geralmente o sol em alta atividade, sendo que cinco dos dez mais intensos ciclos solares que se tem notícia aconteceram nos últimos 50 anos”.
 
Incertezas
O astrofísico de Havard, Willie Soon, explica que o sol obedece a ciclos de geralmente 11 anos. Por volta do ano 2000, teria ocorrido um período de máxima atividade solar e, agora, estaríamos diante de um ciclo de baixa. “Mas ninguém sabe quanto tempo um ciclo pode durar ao certo. Podemos ter um período longo sem manchas solares e que denunciam uma pequena movimentação solar. Isso já aconteceu no passado, entre os anos de 1645 e 1715, no que ficou conhecida como pequena Era do Gelo”.

De acordo com a Nasa, a tecnologia moderna ainda não pode prever o que virá a seguir. Modelos científicos de uma dúzia de físicos solares estão em conflito sem conseguir chegar a um consenso sobre quando o período de baixa atividade irá acabar e quando começará um novo ciclo.

O cientista de projetos do Observatório de Dinâmica Solar da Nasa, Dean Pesnell, afirma que não há como fazer projeções exatas, porque ninguém entende completamente a física dos ciclos solares. “É a primeira vez na história que realmente estudamos uma baixa atividade solar. Eu mesmo acredito que veremos uma reação no fim do ano, possivelmente atingindo um novo ponto máximo de atividade em 2012 ou 2013. Mas sei que posso estar enganado”, afirma Pesnell.

As conseqüências da pequena atividade solar ainda não são plenamente entendidas e podem vir a afetar de maneira inesperada as projeções das mudanças climáticas. Para Soon, 2009 será um ano de temperaturas médias abaixo do comum, assim como já foi 2008. E que diante disso, as teorias do aquecimento global, ou pelo menos suas previsões, poderiam ser revistas.

“Se a atividade solar persistir baixa por muito tempo e o planeta esfriar mesmo com os níveis de CO2 subindo, a sociedade precisará rever os conceitos. Na minha opinião, este é um período que nos dirá muito e será extremamente útil para a ciência e para a sociedade”, concluiu Soon.

(Por Fabiano Ávila, CarbonoBrasil, 29/04/2009)


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