A deputada Stela Farias (PT) subiu à tribuna da Assembleia Legislativa na tarde desta terça-feira (28) para cobrar mais uma vez do governo Yeda Crusius cópia dos processos das licitações das barragens Jaguari e Taquarembó. “Precisamos verificar estes documentos que têm sérios problemas”, frisou. Stela quer analisar as alterações efetuadas nos editais das licitações dessas obras e comparar as datas das mudanças com o período das investigações procedidas pela Operação Solidária da Polícia Federal, que apontam irregularidades nessas licitações.
A parlamentar lembrou que o líder da bancada, deputado Elvino Bohn Gass, já havia solicitado informações sobre esse processo ao chefe da Casa Civil, José Alberto Wenzel. Além disso, Stela e o deputado Daniel Bordignon (PT) estiveram na sexta-feira (24) na Contadoria e Auditoria-Geral do Estado (CAGE) e na Secretaria Extraordinária de Irrigação em busca da documentação. Os processos relativos às obras das Barragens Jaguari e Taquarembó chegam a seis e sete volumes, respectivamente.
Segundo informações apuradas pela Operação Solidária, em abril de 2008, integrantes de construtoras e do governo Yeda Crusius teriam acertado previamente os termos dos editais dessas licitações. Depois da publicação do edital em 30 de maio do ano passado o documento foi retificado. O motivo da mudança teria sido a pressão exercida pela ex-secretária adjunta de obras, Rosi Guedes Bernardes, que também é prima de Neide Bernardes, lobista da Magna Engenharia, que fiscaliza as obras da Taquarembó. Rosi foi flagrada pela Polícia Federal fornecendo informações a empreiteiras antes da licitação. Estranhamente, as mesmas empresas habilitadas na licitação da barragem Jaguari foram desabilitadas no processo licitatório da barragem Taquarembó no dia 18 de agosto, ou seja, cerca de duas semanas após o início das investigações da Operação Solidária.
No dia 1º de agosto, agentes da Operação Solidária levaram o fato ao Supremo Tribunal Federal (STF) e no dia 12 de agosto houve uma reunião do deputado Eliseu Padilha (PMDB) com o ministro Gilmar Mendes, presidente do STF. Seis dias depois desse encontro todas as concorrentes foram desabilitadas. O processo foi remetido ao Chefe da Casa Civil e no dia 23 de outubro uma nova licitação foi realizada pela Secretaria de Irrigação e não pela Central de Licitações do Governo do Estado.
(AL-RS, 28/04/2009)