Com o tema “Desvelando Conflitos Ambientais”, encontro reuniu entre os dias 18 e 21 de abril, cerca de 180 pessoas de 14 cidades do estado
“A Assembléia Popular é um espaço que não começa hoje e não termina daqui a alguns dias, é uma construção permanente dos trabalhadores e trabalhadoras”. Com essa frase explicativa e de boas vindas Sílvio Cardoso, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), deu início às atividades da Assembléia Popular, com o tema “Desvelando Conflitos Ambientais”, realizada entre os dias 18 e 21 de abril, na Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), campus Dom Bosco.
Os participantes, cerca de 180, eram de 14 cidades do estado, principalmente de Minas Gerais; e representavam 54 organizações sociais, entre grupos culturais, sindicatos, pastorais, movimentos populares e estudantis.
Reunidos para debater a crise econômica internacional e os problemas ambientais na região, os militantes sociais de Minas Gerais se organizaram para atividades e mobilizações conjuntas para os próximos meses, começando por um ato público no dia 21 de abril, em um distrito próximo a São João del- Rei. O planejamento para a continuidade da Assembléia Popular nas outras cidades do estado também esteve presente na pauta de discussões dos movimentos e organizações sociais mineiros durante esses quatro dias.
Ato público no Rio das Mortes
No feriado do dia 21 de abril, cerca de duzentas pessoas ligadas à Assembléia Popular e moradores do Rio das Mortes, distrito localizado a 10 Km de São João del-Rei (MG), protestaram devido aos problemas ambientais existentes na região e às demissões em massa de trabalhadores, na Praça Central da localidade durante toda a manhã.
No distrito funciona um complexo industrial do setor de metalurgia e um viveiro de produção de mudas de eucalipto da empresa Esteio. Nesta última, “o intenso uso de agrotóxicos e as condições precárias de trabalho têm gerado problemas à saúde dos trabalhadores, tais como Lesão por Esforço Repetitivo (LER) e o significativo aumento de casos de câncer”, segundo o Núcleo de Estudos Interdisciplinar sobre Justiça Ambiental (NINJA), da UFSJ.
Na empresa Ligas Gerais, que atua na fundição de minério, o problema ambiental ocasionado é em decorrência da emissão de gases e resíduos tóxicos pelos fornos da indústria. Além disso, alegando dificuldades com a crise econômica, a empresa paralisou suas atividades, demitindo 106 funcionários sem pagar a indenização, o 13º e os dois últimos salários, como informou o Sindicato dos Metalúrgicos de São João del-Rei (SindMetal).
Assembléia Popular
A Assembléia Popular, que já virou prática em várias cidades e estados do país, surgiu como resposta às grandes transformações econômicas, sociais e culturais, que a partir da década de 1990, se constituíram como novos desafios impostos à população, diante das profundas mudanças contidas no processo da globalização neoliberal. Ela é um espaço de articulação, debates e construção de lutas conjuntas entre os militantes, movimentos e organizações sociais do país.
“No atual momento de crise econômica deste modelo de desenvolvimento, a Assembléia Popular revela-se como um importante instrumento de organização do povo para reagir aos desafios que impedem o desfrute de uma cidadania plena e efetiva, edificando, decisivamente, a construção de um Projeto Popular que atenda aos interesses do povo brasileiro”, afirmou Luís Henrique Shikasho, da Associação Brasileira dos Estudantes de Engenharia Florestal e da Assembléia Popular do Campo das Vertentes.
(Por Vivian Neves Fernandes, Brasil de Fato, 27/04/2009)