As vendas de diesel da Petrobras no mercado brasileiro caíram 0,5% em março, frente a igual período do ano passado, excluídos os volumes destinados às usinas termelétricas. Com a entrada das térmicas na conta, que foram acionadas em maior quantidade no ano passado, a queda das vendas de diesel passa para 2,5% na mesma comparação. O diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, que não revelou os volumes vendidos no mês passado, indicou que as vendas de todos os combustíveis líquidos pela empresa subiram 0,4% em março, em relação a março de 2008. Os maiores aumentos foram verificados nas vendas de nafta, querosene de aviação (QAV) e gás liquefeito de petróleo (GLP). "É um dado expressivo, mas é apenas um ponto. Ainda não podemos falar de tendência", disse.
Ele voltou a dizer que a manutenção dos preços dos derivados ainda não compensou o déficit do período em que a estatal manteve, entre 2005 e 2008, inalterados os valores cobrados nas refinarias. Com o agravamento da crise econômica internacional, o preço do barril do petróleo passou de uma média de US$ 99 ao longo de 2008 para US$ 45 este ano, mas o custo dos combustíveis nas refinarias da Petrobras não foi reajustado. A empresa espera reduzir as importações de diesel com baixo teor de enxofre a partir da entrada em operação de uma unidade produtora do material na Refinaria Duque de Caxias (Reduc), que produziu 10 milhões de litros em abril e atingirá a capacidade de fabricar 30 milhões de litros do diesel S-50 por mês - com 50 partes de enxofre por milhão - até o fim do ano.
Desde janeiro a estatal importou 220 milhões de litros do S-50 para cumprir acordo feito no ano passado com o Ministério Público, que previa o fornecimento gradativo do diesel com baixo teor de enxofre. A empresa fornece desde janeiro o produto para as frotas de ônibus de Rio de Janeiro e São Paulo e passará a entregar o produto até o fim do ano para as frotas de veículos metropolitanos de Fortaleza, Belém e Recife. Em agosto será a vez de Curitiba ter o S-50 na sua frota de ônibus. Costa afirmou que a demanda esperada para o S-50 este ano no Brasil é de cerca de 1,5 bilhão de litros, dos quais 360 milhões a 400 milhões poderão vir da produção nacional, enquanto cerca de 1,1 bilhão de litros serão importados.
O objetivo da Petrobras é atingir a autossuficiência na produção de diesel a partir de 2013, quando entrarem em operação as novas refinarias Premium, que serão construídas nas cidades de Pecém, no Ceará, com capacidade processamento de 300 mil barris diários, e Bacabeiras, no Maranhão, com capacidade de 600 mil barris diários. Ambas serão construídas com tecnologia para fabricar o S-10. A disponibilização do S-50 para as frotas de ônibus de Rio e São Paulo não causará a redução das emissões no maior volume possível. Estudo da Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor) mostra que há redução de apenas 11,3% nas emissões de partículas com o uso do S-50, uma vez que os motores da atual frota não são os indicados para obter o melhor desempenho do diesel.
(Por Rafael Rosas, Valor Econômico, 28/04/2009)