Para esportistas, decisão põe a cidade na contramão de tendência globalApontadas como umas das alternativas de transporte antipoluente e opção contra a carnificina no trânsito, as ciclovias se tornaram o alvo de uma polêmica que se arrasta na Capital. O anúncio da desativação do Caminho dos Parques, que liga o Parque Moinhos de Vento à orla do Guaíba, caiu como uma bomba entre os ciclistas, que acreditam estar vendo Porto Alegre pedalar contra uma tendência mundial.
Nem a notícia de que o líder do governo na Câmara de Vereadores, Valter Nagelstein (PMDB), pediu ontem para que o Plano Diretor Cicloviário da Capital seja prioridade nas votações da casa amenizou o clima de desânimo provocado pela aposentadoria anunciada da faixa. Apesar de não ser avaliado como ideal, o trecho de cinco quilômetros – que funciona domingos e feriados – ainda é considerada uma forma de incentivo para quem está iniciando a pedalar.
Há 20 anos, usando bicicleta pelas ruas da Capital, Rubens Pereira Terres, 49 anos, ressalta que o caminho, a despeito de suas imperfeições, já é referência na cidade. Ele lembra que, em 2001, quando a ciclovia foi criada, uma das principais dificuldades era a falta de respeito dos motorista com a faixa. Em alguns pontos, muitas pessoas deixavam os carros estacionados e circulavam arriscando a vida de quem passeava pela área.
– É claro que sempre vamos encontrar quem desrespeita, mas esse caminho se tornou essencial aos ciclistas de fim de semana – diz.
Uma das principais queixas de Terres é da falta de alternativa imediata no momento em que se decidiu terminar com a via. Apesar de ter, desde 2008, o projeto do Plano Diretor Cicloviário, que prevê a criação de 495 quilômetros exclusivos para a circulação de bicicletas, ele não crê que o plano seja colocado em prática.
– Mudaram administração e vereadores, e já faz 15 anos que participei das primeiras reuniões sobre o assunto. Nada saiu do papel nunca – diz.
O secretário municipal de Mobilidade Urbana, Luiz Afonso Senna, ressalta que a faixa é ruim e induz a acidentes. Por essa razão, todo o esforço da prefeitura está concentrado para aprovar o plano cicloviário.
– A ideia não é de uma ciclovia somente para lazer, mas para que as pessoas usem a bicicleta para todos os motivos, como ir à escola ou ao trabalho. Já construímos dois quilômetros na Avenida Diário de Notícias. Estamos trabalhando para que a Capital tenha entre o fim deste ano e o começo de 2010, 20 quilômetros de ciclovias – explica Senna.
(Zero Hora, 28/04/2009)