Um grande número de indígenas bloqueou um dos principais afluentes do Amazonas, o rio Napo, em resposta à violação de seus direitos por parte das empresas petroleiras e do Governo de Perú. Os manifestantes bloquearam o rio Napo com canoas e com um cabo para impedir aos cargueiros das empresas petroleiras navegarem rio acima. Segundo as fontes consultadas, dois barcos, um deles da empresa anglo-francesa Perenco, conseguiram atravessar o bloqueio. Segundo parece, dispararam três tiros contra os indígenas que foram atrás deles.
O bloqueio do rio Napo é só um dos numerosos protestos que atualmente está se desenvolvendo na extensão do Amazonas peruano. Coordenadas pela organização de indígenas amazônicos do Perú (Aidesep), estes protestos se produzem como respostas às políticas do Governo, que os indígenas consideram discriminatórias e ameaçadoras para suas terras comuns. A Aidesep está pressionando para que se revoguem várias leis que, segundo denunciam, violam seus direitos, assim como para a criação de novas reservas para indígenas isolados.
A resposta do Governo não perdeu tempo e foram enviados policiais e soldados às zonas de onde se desenvolvem os protestos. Aidesep criticou estas medidas as que qualificam como "intimidatórias", alegando que os protestos são pacíficos. Perenco está trabalhando em uma zona do Amazonas habitada por dois dos últimos povos indígenas isolados do mundo. A empresa não reconhece a existência destes povos.
Fontes internas a Survival manifestaram: "Em todo o mundo, os povos indígenas estão vivendo forçados a recorrer a bloqueios para tratar de proteger as terras que lhes resultam. Vemos que isto se passa na Índia e na Malásia, assim como na América do Sul. Podemos esperar que este tipo de ações se intensifique até que o direito internacional e a declaração da ONU se apliquem realmente. O uso da força contra os povos indígenas que tratam de proteger sua terra é colonialismo e não deveria ser tolerado."
(Survival International / Adital, 24/04/2009)