A Polícia Militar do Pará invadiu ontem o canteiro de obras das eclusas de Tucuruí e retirou à força 350 integrantes de movimentos sociais que estavam no local desde sexta-feira, protestando contra mortes no campo e acordos não cumpridos pelas Centrais Elétricas do Norte (Eletronorte) que beneficiariam famílias desalojadas para a construção da hidrelétrica, na década de 70. O protesto envolveu o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a Via Campesina e associações de pescadores. Houve resistência e 18 pessoas foram presas e levadas de avião para Belém, por ordem da justiça local.
Os invasores, de acordo com a PM, tinham bombas caseiras, barras de ferro e pedaços de madeira quando os militares chegaram para a desocupação. Segundo a polícia, não houve feridos, mas invasores alegam que várias pessoas foram espancadas pelos policiais. Os presos estão em celas da Divisão de Repressão ao Crime Organizado (DRCO). O delegado Rogério Morais disse que eles serão autuados por paralisação de obras, formação de quadrilha e danos ao patrimônio público.
Morais informou que a operação foi feita por 55 PMs de Belém que se juntaram ao efetivo de Tucuruí. "Não houve reintegração de posse, mas ação de prisão em flagrante delito, já que a área invadida é de preservação ambiental e segurança nacional." Entre os 18 presos está Roquevam Alves Silva, do MAB, que em maio de 2007 foi um dos líderes de invasão à hidrelétrica de Tucuruí. Na ocasião, houve quebra-quebra e os manifestantes saíram da usina só após a chegada do Exército.
(Estadão, 27/04/2009)