O Brasil propôs a adoção de uma taxa de 10% sobre os lucros da indústria petroleira, a fim de alimentar o fundo de proteção ao ambiente, cujo objetivo é que os países em desenvolvimento possam financiar os esforços necessários de luta contra o aquecimento global. A proposta foi feita nesta sexta-feira (24/04), na reunião denominada G8 Siracusa, que reuniu os principais países do mundo para discutir, durante três dias, as metas para o aquecimento global. A reunião é uma prévia do encontro de Copenhague, que acontece em dezembro e tem como objetivo a substituição do protocolo de Kyoto e adoção de princípios mais enfáticos no combate à mudança climática.
"Estamos convencidos de que somente a taxa de carbono não será suficiente para financiar as adaptações necessárias para atingir a meta das Nações Unidas de limitar o aumento das temperaturas a 2ºC no fim deste século", afirmou Carlos Minc, o ministro brasileiro do Meio Ambiente, durante uma entrevista à imprensa. "A indústria internacional de petróleo pode suportar uma taxa como esta sobre seus lucros, e o preço do petróleo, que atingiu picos há um ano e que está em torno dos US$ 50 o barril, não será afetado", observou Minc.
Na cúpula, o ministro representa o Brasil, país cuja biodiversidade é a maior do mundo, que está na presidência do grupo dos 17 países em desenvolvimento. Ele apontou ainda que o Brasil conseguiu, durante o G8, que a defesa da biodiversidade seja colocada entre as prioridades de Copenhague --no mesmo plano de discussão que o aquecimento global.
"Sem isso, e principalmente um compromisso em fazer que a biodiversidade dê lugar a um pagamento compensatório pelos países ricos a partir de 2010, não teríamos assinado a carta de Siracusa", afirmou o ministro. Carlos Minc disse ainda que a reunião na Itália foi boa porque como não foi decisória e viabilizou trocas construtivas entre os países do G8 e os demais.
"Os países em desenvolvimento sabem que os países industrializados não atingirão sozinhos as metas de limitar o aumento das temperaturas a 2ºC e que todos devem fazer sua parte na limitação das emissões de CO2", disse Carlos Minc. "Houve uma grande desconfiança entre os dois grupos, mas todo mundo concordou em afirmar que é preciso estabelecer compromissos diferenciados (com objetivos diferentes para os países ricos e os países pobres), recíprocos (cada um dá um passo) e substanciais", explicou.
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Folha Online, 24/04/2009)