A Fundação Nacional do Índio (Funai) deve publicar uma nova portaria para trocar a administradora substituta Evelise Viveiros Machado por um outro administrador substituto, o técnico da Funai, Mário Jacintho. A informação é de Ivan Rodrigues, um dos organizadores da manifestação e integrante da Comissão Nacional de Política Indígena, e, segundo ele, a medida seria para que os índios desocupassem o local. O grupo de cerca de 200 indígenas das reservas de Pinhalzinho, Porto Velho, São Jerônimo da Serra e Apucaraninha, entretanto, prometem continuar acampados na sede da entidade.
“Só vamos sair daqui quando for publicada a portaria do administrador definitivo”, disse Rodrigues. Ele informou ainda que não enviará mais os representantes indígenas para Brasília. “Vamos tentar resolver tudo por aqui”, justificou. Uma dança está marcada para esta sexta-feira (24), como forma de protesto. “Vamos dançar para mostrar para eles que vamos continuar aqui e que não concordamos com um novo administrador substituto, mas como um administrador definitivo”, ressaltou. Os índios permanecem no local desde a tarde de quarta-feira (22), depois de realizarem protesto no pedágio na BR-376, próximo a Mauá da Serra, Norte.
As previsões mais otimistas dão conta de que na semana que vem deve ser nomeado o administrador definitivo. “A gente espera desde dezembro, mas eles falam que provavelmente na semana que vem. Não tem como saber”, disse Marcos Cezar da Silva Cavalheiros, chefe de serviços e administração da Funai em Londrina. Ele não soube dizer porque a entidade nomearia um administrador substituto pouco tempo antes de nomear um definitivo. “A nomeação é de competência do presidente da Funai, mas oficialmente ninguém sabe dizer ao certo”, explicou.
De acordo com Evelise, todos os documentos do servidor indicado pelos índios para assumir a administração estão em Brasília. Falta, no entanto, um parecer da Casa Civil para a nomeação dele. “Mandamos todos os documentos e entramos em contato com a presidência em Brasília. Porém, a nomeação não depende somente da Funai, por isso ocorreu esse impasse”, comentou.
Além da nomeação do definitivo, Rodrigues reivindica que o administrador seja índio. “Sempre estivemos dependentes de pessoas não índios, por isso, indicamos um servidor indígena. Acreditamos que, desta forma, os processos de demarcação de terra na região possam ocorrer de forma mais rápida. Sentimos que há o interesse dos antigos administradores nos nossos problemas, mas essa nossa reivindicação é primordial”, destacou.
Dia-a-diaRodrigues contou que os índios estão sobrevivendo de doações enquanto estão acampados na sede da Funai. “Entre almoço e jantar, estamos gastando cerca de R$ 2 mil de marmitex”, revelou. De acordo com ele, as doações estão sendo feitas por Organizações Não-Governamentais (ONG), ligadas às causas indígenas. “Amanhã (Sexta-feira) nós não sabemos como será”, disse. Os índios estão tomando banho dentro da sede da entidade. “Aqui dentro de dois banheiros com chuveiros e o pessoal se reveza por lá”, contou.
Cavalheiros contou ainda que os 15 funcionários da Funai estão trabalhando como podem. “No meu setor estou tentando fazer as coisas normalmente, mas é difícil por causa do grande número de gente que está dentro da sede”, desabafou.
(Por Fábio Luporini, Jornal de Londrina /
Gazeta do Povo, 24/04/2009)