O número de conflitos e de violências no campo teve uma queda acentuada no Brasil em 2008. Mas há sinais de persistência do aumento da violência no país porque 28 pessoas foram assassinadas no campo. Em 2007, por exemplo, houve uma morte para cada 54 conflitos, enquanto houve uma morte para cada 42 conflitos no ano passado. Os dados mostram, ainda, que 72% dos assassinatos em conflitos no campo aconteceram na Amazônia e que mais da metade dos conflitos atingem diretamente as populações tradicionais. De acordo com a Comissão Pastoral da Terra (CPT), esse fato evidencia o interesse do capital sobre os territórios ocupados pelas populações tradicionais
Os dados detalhados sobre conflitos e violências no campo brasileiro no ano passado serão divulgados na próxima terça-feira (28/04) pela CPT em Itaici (SP), durante a 47ª Assembléia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Segundo a CPT, 2008 foi marcado por uma nova onda de criminalização dos movimentos sociais do campo e de suas lideranças. Essa investida se deu nas diferentes esferas do poder público. Em alguns estados, houve repressão violenta por parte da polícia.
- No legislativo, tanto no âmbito dos estados, quanto no âmbito federal proliferaram ataques aos movimentos. Mas, sobretudo, foi na esfera do poder Judiciário que se sentiu de forma mais dura esta tentativa de criminalização - afirma uma nota distribuída hoje pela CPT.
A organização, ligada à igreja católica, estaca que o ataque sistemático aos movimentos se concentra no Rio Grande do Sul, onde, além da truculência da polícia e das medidas judiciais, entra em cena o Ministério Público Estadual (MPE), cujo Conselho Superior chegou a propor a extinção do MST. A nota da CPT cita o professor Carlos Walter Porto Gonçalves, para quem a ação do poder público é responsável pelo crescimento de todos os índices de violência contra os trabalhadores do campo no Rio Grande do Sul.
Em Itaici estão presentes no lançamento a nova presidência da CPT e pessoas da nova coordenação nacional, eleita no último dia 18, o Conselheiro Permanente, Dom Tomás Balduino, além de outros bispos. Também participará do lançamento o professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), Carlos Walter Porto Gonçalves.
No ato do lançamento serão apresentados, ainda, números de ameaçados de morte, de tentativas de assassinato, de expulsões, despejos judiciais, ocupações, trabalho escravo, dentre outros.
(Blog do Altino Machado/ Amazonia.org, 23/04/2009)