O fundo de investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI FGTS) começa a efetivar a compra de participações acionárias em projetos do setor de energia. O fundo fechou a compra de parte da usina hidrelétrica de Santo Antônio - conforme informado nesta quinta (23/04) com exclusividade pelo ValorOnline - e também adquiriu participação em duas usinas hidrelétricas e duas pequenas centrais hidrelétricas pertencentes à Alupar Investimento, empresa de capital nacional que investe em geração e transmissão. O mercado estima que o valor destes negócios chega a R$ 400 milhões.
Até agora, segundo dados repassados pelo FI FGTS, cerca de R$ 6,4 bilhões foram liberados para o financiamento e aquisição de participação em projetos de energia e representa mais de 55% dos desembolsos totais que ultrapassam R$ 11 bilhões. O fundo não revela a destinação dos recursos e nem o número de projetos de que hoje é sócio ou credor, mas a maior parte tem sido liberada para o financiamento das obras. Para dar um exemplo, além de ter adquirido parte da usina de Santo Antônio, o FI FGTS vai financiar R$ 1,5 bilhão por meio da aquisição de debêntures privadas da empresa Madeira Energia, que é controladora da concessionária que constrói a usina em Porto Velho. De acordo com Rogério Ibrahim, diretor Financeiro da Santo Antônio Energia, R$ 500 milhões já foram liberados ao projeto.
Independentemente do financiamento, o fundo do FGTS detém agora indiretamente 4,98% do capital social da Madeira Energia. Isso porque comprou metade da participação do Santander no Fundo de Investimento em Participação (FIP) Amazônia Energia, que é dono de 20% da usina. O FIP agora é formado pelo Banif, que manteve os 50,01% das cotas, pelo Santander, com 25% e pelo FI FGTS, com 24,9%.
Ao falar sobre o negócio fechado com a usina de Santo Antônio, o secretário executivo do FGTS, Paulo Furtado, diz que as operações que estão sendo financiadas ou participações que estão sendo adquiridas estão todas de acordo com o objetivo do fundo, que é aplicar recursos em infraestrutura, e a maior parte dos projetos tem sido em energia.
De acordo com o parecer técnico da Secretaria de Direito Econômico (SDE), que avaliou a operação do ponto de vista concorrencial, as usinas da Alupar e agora a do Madeira Energia são por enquanto os únicos investimentos levados à análise do Cade. Mas segundo dados da assessoria de imprensa da Caixa Econômica Federal, banco que é gestor do fundo, o FI FGTS tem em sua carteira 15 projetos de energia em análise. O número total de projetos, levando em conta outros setores, é de 26 e representam investimentos da ordem de R$ 12,6 bilhões.
A parte destinada à Alupar, empresa da família Godoy, será alocada nas usinas hidrelétricas Foz do Rio Claro, com capacidade de geração de 68,4 megawatts, e São José, com 100 MW. As PCHs são a de Queluz e Lavrinhas, cada uma com capacidade de 30 MW. E os projetos devem entrar em operação entre o final deste ano e o primeiro trimestre de 2010. Juntos estes projetos requerem mais de meio bilhão de reais de investimentos, dados obtidos com as estimativas da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) do valor do investimento para cada kW de PCHs e hidrelétricas.
Segundo informações repassadas pela Alupar, por meio de sua assessoria de imprensa, a operação que permitiu a entrada do fundo de investimento na empresa foi feita por meio de um aumento de capital com emissão de ações preferenciais. O fundo do FGTS passou a ser dono de 49,99% das preferenciais da companhia.
(Por Josette Goulart,
Valor Econômico, 24/04/2009)