Frigoríficos instalados na Amazônia recebem cada vez mais incentivos financeiros do governo, tornando-se grandes estimuladores do avanço da fronteira agrícola no bioma. Esta é uma das conclusões apontadas em novo estudo sobre pecuária da não-governamental Amigos da Terra. Segundo o documento, somente no ano passado o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) investiu quase R$ 6 bilhões no setor. Soma-se a esse valor o pacote igualmente bilionário de socorro anunciado na última quinta-feira (16) para manutenção da indústria.
O trabalho também aponta que as atividades estão concentradas nas mãos de grandes grupos, como Bertin, JBS Friboi, Marfrig e Independência, que lideram a lista das operações diretas do BNDES com a indústria em 2008. Juntos, eles receberam cerca de R$ 4,7 bilhões do governo. O fato de dez dos 16 frigoríficos instalados nos 43 municípios líderes em desmatamentos na Amazônia serem desses grandes grupos é mais um exemplo desta concentração.
Ainda segundo o documento, apenas 6% das linhas de crédito destinadas à pecuária foi voltada à recuperação das pastagens. Com grandes áreas de pasto degradadas, pecuaristas buscam novas terras para a atividade, aumentando assim o desmatamento. Atualmente, o rebanho nos nove estados da Amazônia Legal chega a 70 milhões de cabeças, muitas delas sobre terras com documentação irregular. Apesar da situação de ilegalidade, 81% da pecuária na Amazônia é bancada por crédito de instituições públicas, diz o documento da Amigos da Terra.
Depois de ter acesso ao documento, o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) disse que vai tomar providências para que os financiamentos sejam feitos somente para bois criados em terras regularizadas, mas empresários do setor já anunciaram que a tarefa é impossível de ser concretizada. Para ler o estudo na íntegra,
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O Eco, 22/04/2009)