Cerca de 150 integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) interditaram nesta quarta-feira (23/04) a BR-174, no interior de Mato Grosso. O bloqueio faz parte da semana de manifestações no Estado, que pede mais assistência aos assentados e maior transparência nos relatórios de assentamento do governo federal. A ação também faz parte do chamado "abril vermelho", para lembrar o massacre de Eldorado do Carajás (PA), em 1996, quando 19 sem-terra morreram em confronto com a PM.
Das 7h às 17h, os manifestantes só permitiram a passagem de ambulâncias na rodovia. Antes da noite, o bloqueio foi suspenso por questões de segurança, mas pode ser retomado amanhã, segundo o coordenador estadual do MST Antonio Carneiro. Próximo a Mirassol d'Oeste (307 km de Cuiabá), a manifestação prejudicou principalmente caminhões e ônibus, já que a maioria dos carros desviou por uma estrada de terra, segundo a Polícia Rodoviária Federal.
Os sem-terra não portavam armas de fogo, apenas ferramentas como enxadas e foices, de acordo com a Polícia Rodoviária, que acompanhou o protesto. Na última sexta-feira, cinco sem-terra que vivem no acampamento que fica às margens da rodovia bloqueada foram presos por porte ilegal de arma. Segundo a polícia, foram encontradas com os homens oito armas de caça. Eles foram liberados após pagar fiança de um salário mínimo cada um.
Em Cuiabá, cerca de 500 integrantes acamparam ontem em torno do prédio do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) depois de marcharem por seis dias desde a cidade de Jangada, a 85 km da capital. Na sexta-feira, além de promover palestra com o líder nacional do MST João Pedro Stedile, o movimento participa de audiência pública com o Incra.
(Por Gustavo Hennemann, Agência Folha /
Folha Online, 22/04/2009)