Alegam que os animais não são culpados pela proliferação da doença
Organizações Não Governamentais (ONGs) ligadas à defesa dos animais protestaram, em frente à Câmara de Vereadores de Porto Alegre, contra a mortandade de cachorros devido à leishmaniose. As entidades acusam os órgãos públicos de eutanásia compulsória e garantem que o animal não transmite a doença para o ser humano.
Porém, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) alerta que a medida é necessária, já que o cão se torna uma fonte de infecção ao ambiente. Casos da doença foram constatados em municípios da costa do rio Uruguai, especialmente em São Borja, mas também nas cidades fronteiriças de Porto Xavier, Itaqui e Uruguaiana, informou a SES.
A presidente do Clube Amigos dos Animais de Santa Maria, veterinária Marlene Nascimento, explicou que o principal objetivo do movimento é sensibilizar os gaúchos de que os cães não são culpados pela proliferação da doença. Segundo ela, só em São Borja, pelo menos 87 animais já foram sacrificados. 'Eles apenas albergam o mosquito transmissor da doença', observou. Na França, explicou, é permitido o tratamento e o animal não é morto. 'Além disso, no Brasil, para a detecção da doença é feito apenas o exame sorológico e não a contraprova (o exame parasitológico)', esclareceu.
Juraci Bronzato Moro, da Associação Garibaldense de Proteção Ambiental (Agapa), defende que os canis tenham tela, evitando que os cães sejam picados pelo mosquito.
O diretor do Centro Estadual de Vigilância em Saúde da SES, Francisco Paz, esclareceu que há uma política nacional de controle da doença pela qual os cães positivos devem ser sacrificados. 'É uma questão de defesa da saúde humana', observou, lembrando que essa não é uma medida feita de forma arbitrária. A doença é transmitida por um pequeno inseto que se prolifera em locais com matéria orgânica em decomposição, como áreas de compostagem, por exemplo.
Paz alerta ser impossível a sua erradicação e ressalta que é uma doença grave que, sem tratamento, pode ser fatal. Para combater a infecção, ele orienta a limpeza de pátios e lembra que a borrifação de inseticidas nas áreas afetadas não elimina o inseto transmissor.
(Correio do Povo, 23/04/2009)