O aquecimento global, a poluição e um fungo que infecta células na pele são as principais ameaças a mais da metade das seis mil espécies de anfíbios registradas no mundo que, atualmente, estão ameaçadas de desaparecer --o que seria a maior extinção desde a dos dinossauros. Segundo dados de especialistas presentes à inauguração de um centro de exibição dessas espécies no Panamá, entre 60% e 75% das rãs, sapos, salamandras e cecílias (um anfíbio sem extremidades, parecido a uma serpente) estão ameaçados de desaparecer.
"Estamos perdendo, agora, mais da metade deste grupo de invertebrados. O planeta nunca viu algo desta magnitude desde a extinção dos dinossauros", disse Kevin Zippel, diretor do programa Arca dos Anfíbios da União Internacional para a Conservação da Natureza.
'Nos últimos 35 anos, assistimos a uma diminuição das precipitações e a um aumento da temperatura. A mudança do clima está atingindo de forma negativa os anfíbios', disse Zippel. Zippel recordou que, desde 1980, foram extintas 122 espécies de anfíbios, contra 5 espécies de aves e nenhuma de mamíferos.
Segundo os cientistas, o maior número dos anfíbios fica nos trópicos, particularmente na América Latina, região na qual vivem 60% das espécies existentes no mundo. "Das espécies de anfíbios em risco de extinção, 75% estão presentes na América Latina", disse.
O principal problema é a perda do habitat "já que, se lhes tiramos o espaço natural, não lhes damos nenhuma oportunidade de sobrevivência", disse Edgardo Griffth, cientista associado ao departamento de conservação do Zoológico de Houston (EUA).
Griffth inaugurou o Centro de Conservação de Anfíbios de El Valle na semana passada, em Valle de Antón (150 km da capital panamenha). O centro é uma área de exposição e estudo para proteger algumas das mais singulares espécies de anfíbios do mundo, como a rã dourada do Panamá, a rã-de-chifre do Equador, a rã mascarada, o sapo coral o e o sapo trepador, entre outras 60 espécies.
"Por suas características, os anfíbios são indicadores da qualidade do habitat e se eles estão desaparecendo significa que o ser humano está fazendo coisas terrivelmente mal", disse Griffth.
(France Presse /
Folha Online, 22/04/2009)