Reunindo 24 empresas, que representam 50% dos créditos de carbono gerados no país, a Associação Brasileira das Empresas do Mercado de Carbono (Abemc) vê com otimismo o mercado do carbono, informa seu presidente, o advogado Flávio Gazani. Com base em números do serviço internacional New Carbon Finance, ele conta que, só nos quesitos Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) e Implementação Conjunta, regulados pelo Protocolo de Kioto, foram mobilizados cerca de US$ 118 bilhões em 2008.
Detentor de 12% dos projetos de MDL aprovados no mundo, o Brasil só fica atrás da Índia (31%), e China (23%). São 373 projetos, dos quais perto da metade (160) referem-se ao agronegócio, sobretudo projetos de cogeração de energia em usinas de açúcar e álcool. Em contrapartida, diz ele, 25% das emissões brasileiras de gases do efeito estufa (GEE) advêm da agropecuária. Em segundo lugar, estão os 29 projetos para reduzir a emissão de metano em aterros sanitários, substância 21 vezes mais danosa ao aquecimento global que o CO2.
Dois fatores forçam uma redução temporária dos negócios regulados pelo Protocolo de Kioto, interpreta Gazani. De um lado, com a crise econômica, houve queda de 50% do preço por tonelada de CO2 equivalente (tCO2e). Além disso, o mercado vive a expectativa da substituição do Protocolo de Kioto, que vale até 2012. Como são projetos de maturação longa, há a tendência de esperar pelas definições da nova rodada, para investir em novos planos. A adesão dos EUA, com responsabilidade por 16% das emissões de gases-estufa no mundo, pode dar impulso a mais nos negócios, prevê.
O Brasil também é o segundo país com maior adesão ao Carbon Disclosure Project (CDP), iniciativa internacional do setor financeiro por meio da qual 745 grandes empresas no mundo, somando US$ 55 trilhões em ativos, abrem informações sobre atitudes frente a suas emissões de carbono. No Brasil, são mais de 60.
Hoje, diz Gazani, os créditos de carbono representam só uma fatia de um grande leque de atividades associadas à redução das emissões, que incluem desde os inventários de emissões, até projetos voluntários de neutralização de carbono. A Agenda4, da qual é sócio-diretor, é exemplo de empresa que realiza a consultoria estratégica nessa área, muitas vezes apoiadas em empresas especializadas.
Atuando nas mesmas áreas, a Max Ambiental, detentora das marcas carbono neutro e carbono zero, também convive com a rápida evolução desse negócio, informa o sócio, Eduardo Petit. Numa primeira fase, relacionava-se a neutralização do carbono apenas ao plantio de árvores que, na fase de crescimento, capturam carbono da atmosfera. O que se propõe agora são projetos mais complexos de médio-longo prazo.
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Valor Econômico, 22/04/2009)