Com a Conferência das Partes (COP15), em Copenhague, cada vez mais perto, vários grupos ambientalistas estão receosos que os mecanismos para reduzir as taxas de desmatamento das florestas tropicais sejam deixados de lado, beneficiando apenas projetos industriais.
Até agora, as discussões em torno do assunto têm girado em torno do financiamento da redução do desmatamento, através de financiamentos públicos diretos, como o realizado pela Noruega no ano passado, ou por uma abordagem de mercado.
Na semana passada, durante a primeira rodada de negociações que levará até Copenhague em dezembro, o presidente de um dos grupos de trabalho da UNFCCC Michael Zammit Cutajar declarou que as partes têm conduzido “discussões positivas” sobre as emissões relacionadas ao desmatamento nos países em desenvolvimento. Mas, uma gama de propostas serão analisadas até dezembro.
Créditos de carbonoA Austrália é uma das maiores defensoras do uso de um mecanismo de mercado para expedir créditos aos países que cortarem o desmatamento abaixo de um limite concordado internacionalmente. A ministra do meio ambiente Penny Wong afirmou a diplomatas da ONU no mês passado o apoio do país ao mecanismo. (Leia mais)
Nos Estados Unidos, um projeto de lei dos senadores Waxman e Markey prevê o uso destes créditos para compensar as emissões em quantidades progressivamente maiores a partir de 2012.
Na Inglaterra, o Príncipe Charles organizou um evento paralelo ao encontro do G20 para incitar líderes mundiais a trabalhar sobre um “pacote de emergência” para as florestas tropicais, envolvendo financiamentos públicos provenientes dos países ricos e um sistema de mercado.
FundosJá a Comissão Européia é cautelosa ao falar deste assunto, levantando questões como falhas no monitoramento, verificação e passivos. Antes de 2020, seria inviável incluir os créditos florestais no esquema de comércio de emissões da União Européia, de acordo com a comissão, que é de favor de financiamentos públicos. A proposta européia é a criação de um Mecanismo Florestal Global para o Carbono, recompensando países em desenvolvimento pela redução do desmatamento e da degradação florestal com fundos vindos do leilão das permissões de emissão.
A comissão estima que seriam necessários entre € 15 a € 20 bilhões para reduzir pela metade o desmatamento até 2020. O Greenpeace apóia a posição européia no tratamento da redução de emissões florestais. A ONG acredita que o uso dos créditos florestais poderia levar os preços do carbono ao precipício (Leia mais)
“O que o Greenpeace quer é um fundo baseado na performance que paga imediatamente pela conservação florestal efetiva e redução do desmatamento”, disse o diretor de políticas florestais européias do Greenpeace Sébastien Risso ao Euractiv.
(Por Fernanda B. Muller, Euractiv/
CarbonoBrasil, 22/04/2009)