À solta, felino causou alvoroço em uma das principais vias da CapitalAcuado no alto de uma árvore, um felino de pelugem amarelada, com cara de onça pintada, provocou alvoroço no bairro Agronomia, em Porto Alegre, na tarde de ontem.
Ameaçado de extinção, o gato-maracajá – também conhecido como minijaguatirica – apareceu em plena Avenida Bento Gonçalves, uma das vias mais movimentadas da Capital, e virou celebridade. Assustado com o assédio da população, o animal foi resgatado pelos bombeiros, mas em breve deverá voltar ao seu hábitat.
A primeira aparição do bicho, segundo a operadora de caixa Susane Oliveira, 36 anos, aconteceu na manhã de segunda-feira, em uma árvore localizada na entrada do Beco 4, junto à avenida.
– Eu vi que ele estava dormindo bem tranquilo, com as patinhas atiradas para baixo. Não fiz alarde, porque pensei que ele iria embora – contou Susane.
Às 10h de ontem, quando olhou pela janela mais uma vez, a moradora constatou que o felino continuava lá, bocejando e se espreguiçando. Incomum, a presença ilustre não tardou a chamar a atenção do resto da vizinhança. Em alguns minutos, o burburinho estava formado.
Com celuares e câmeras digitais em punho, dezenas de moradores se aglomeraram no local. Todos queriam tirar uma foto com a “oncinha”, como foi apelidado, para guardar de lembrança. Teve também quem se assustasse.
– É uma onça! É uma onça! – gritava um grupo de crianças.
– Será que come gente? – perguntava um dos meninos, apreensivo.
Chamados por moradores, integrantes do Grupamento de Busca e Salvamento chegaram ao local no início da tarde. Àquela altura, o gato-maracajá também já estava assustado. Pulando de galho em galho, deu trabalho aos socorristas. Saltou para a ribanceira e se embrenhou no mato.
– Aaaah! Olha o bichoooo! – gritavam os espectadores, correndo e tirando fotos sem parar.
Cercado, o animal acabou finalmente capturado. Quando o soldado Ângelo Bilha apareceu com ele nas mãos, foi alvo de mais cliques e de muita curiosidade. Até então, ninguém sabia ao certo de onde havia surgido.
Para a bióloga da Fundação Zoobotânica, Márcia Jardim, possivelmente o felino vivesse na própria região. O maracajá foi uma espécie comum na América Latina, mas, em função da ocupação humana, está ameaçado.
Fora de perigo, o gato-maracajá foi levado à sede do 1º Batalhão Ambiental, na Capital, onde deve ficar em observação pelo menos até hoje. Depois disso, será encaminhado ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que ficará encarregado de devolvê-lo ao seu ambiente natural.
(Zero Hora, 22/04/2009)