Estiagem castiga propriedades em Barão de Cotegipe
O cenário é de aridez. Pedras soltas e poeira pela estrada. Mas o agricultor Osvaldo Boschatto, 61 anos, enfrenta duas vezes ao dia o trajeto entre a propriedade rural e o riacho mais próximo, para buscar água. É na carroça puxada pelos bois, que ele leva as bombonas para encher com 200 litros de água. No interior de Barão de Cotegipe, no norte do Estado, onde há cinco meses não chove, a prática se tornou comum.
Os poços e as vertentes que abasteciam a família secaram. Há uma semana, nem os animais têm mais onde beber. Sem o carro de boi, o agricultor não tem como manter as criações responsáveis pelo sustento da família. Na ponte sobre o riacho onde o leito do rio já aparece, Boschatto precisa esperar. Do leito do rio, outro carro de boi range sob o peso dos vasilhames de água. Por uma corda, um menino puxa o animal e envereda pela estrada poeirenta.
– É assim todo dia, enquanto o riacho aguentar vamos nos abastecendo por aqui – conta Boschatto.
Pelas comunidades do interior, caminhões pipa enviados pela prefeitura levam água para quem não tem. São 40 propriedades rurais. Na área da família Rosinski, o poço que abastecia duas propriedades secou e pela primeira vez em 51 anos as famílias ficaram sem água. Os animais estão perdendo peso e as vacas pararam de produzir leite. No município as perdas na agricultura representam uma prejuízo financeiro superior a R$ 8 milhões.
Em Tupanciretã, a prefeitura decretou situação de emergência na segunda-feira. Em algumas localidades do interior, falta água até para consumo humano. A soja, principal cultura do município, deve ter queda de 30% na produção, segundo estimativas da prefeitura. Outra lavoura bastante prejudicada é o milho, cujas perdas na produção chegam a 60% da safra.
(Zero Hora, 22/04/2009)