A Coordenação contra os perigos da Bayer e a Rede Gen-Ética exigem que o governo alemão se recuse a liberar a importação do arroz transgênico tipo LL62. O Comitê Europeu da Alimentação e Saúde Animal se reuniu nesta segunda feira para tratar do requerimento da empresa Bayer. O governo de Luxemburgo já havia declarado que votaria contra a liberação. Durante uma primeira votação no início de 2004, nove dos 15 países da União Européia haviam se posicionado contra a importação do arroz Liberty-Link.
O arroz Liberty-Link é resistente contra o herbicida glufosinato fabricado pela Bayer (marca Liberty). Um tipo de arroz também resistente ao glufosinato da Bayer foi responsável em janeiro de 2006 pela maior contaminação genética registrada até então. O tipo LL 601 foi levado ao mercado do mundo todo, embora naquele momento nenhuma autorização tenha sido apresentada. Christof Potthof, da Rede Gen-Ética: „O prejuízo causado a agricultores e empresas por causa desse escândalo de contaminação chegou a US$ 1 bilhão. Até hoje não ficou claro de onde veio a contaminação, e a Bayer não pagou os danos”. Nos Estados Unidos, os agricultores abriram um processo coletivo contra a Bayer.
Philipp Mimkes, da direção da Coordenação contra os perigos da Bayer completa: „A liberação de arroz geneticamente modificado é rejeitada por diferentes razões: nas terras cultiváveis, especialmente na Ásia, a contaminação do arroz natural seria inevitável, ameaçando suprimir os tipos adaptados localmente. E o uso intensivo do glufosinato ainda causaria danos à saúde dos agricultores. E não menos importantes são os riscos incalculáveis em longo prazo para os consumidores europeus”. As promessas da agroindústria de solucionar a fome no mundo e reduzir o consumo de pesticidas comprovaram, segundo Mimkes, não passar de “discurso vazio”.
A Autoridade Europeia para Segurança Alimentar (EFSA) classificou o arroz LL como de alto risco de cruzamento. Ele não deveria ser cultivado na Europa, entretanto esse risco não foi incluído na classificação. Os riscos para a biodiversidade e para a saúde dos agricultores também foram desconsiderados. Por causa disso, no ano passado uma aliança entre entidades ambientalistas e rurais exigiu em carta aberta à chanceler Angela Merkel que não liberasse a importação do arroz tipo LL. Dizia a carta: “Para mais de 2,5 bilhões de pessoas o arroz é o principal alimento. A União Européia não tem o direito de ignorar os riscos ambientais e sociais do LL 62 em terras potencialmente cultiváveis. Nós exigimos que a senhora se manifeste contra a liberação da importação junto à União Europeia”. Até o momento o arroz Liberty Link não recebeu autorização para ser cultivado na Ásia, a liberação europeia e o mercado de exportação europeu devem servir como porta de entrada.
O glufosinato faz parte da lista de 22 pesticidas que, por causa dos riscos comprovados à saúde, não devem ter a liberação pela UE renovada. A EFSA constatou em uma investigação que o uso de herbicidas na agricultura representa um grande risco para os mamíferos e até mesmo para insetos e plantas nativas localizadas além dos campos pulverizados. O cultivo de arroz-LL levaria a ao uso intensivo do glufosinato.
A Bayer é a segunda maior produtora mundial de sementes geneticamente modificadas. Em todo o mundo, a companhia manipula geneticamente plantas como canola, algodão, beterraba, batata e milho na busca de mercado. A Coordenação contra os perigos da Bayer e a Rede Gen-Ética exigem que a Bayer abandone imediatamente a produção de plantas geneticamente modificadas.
Mais informações (em alemão):
- Contaminação com Arroz-LL
- Carta aos países-membros da União Europeia
- Campanha do Greenpeace para arroz transgênico
(Versão em português por Francis França, Ambiente JÁ, com contribuição por e-mail da CGB Network, 21/04/2009)