152 famílias são afetadas pela ação do instituto
De acordo com novas denúncias cerca de 150 mil sacas de arroz foram tomadas nos últimos dias pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária de assentados de Viamão, na região metropolitana de Porto Alegre. Alegando que os produtores tivessem aplicado agrotóxico no cereal em uma área de preservação ambiental, o Incra teria recolhido o produto e ameaçado despejar 25 famílias da propriedade localizada as margens da RS-040, no km 20. A denúncia também envolveria a cobrança de propina para a permanência das famílias no local.
O assentado Dirceu Sibes do Nascimento denuncia a prática que considera abusiva e afirma que na verdade foram aplicados adubo e uréia nas plantações, ações necessárias para o crescimento das lavouras.
“O Incra está nos cobrando 10 sacos de arroz por hectar sob forma de conduzir nossa permanência no assentamento. Isso representa 16 mil sacos de arroz. Além disso, eles nos acusam de tirar nossa plantação sem deixar nos defender. As ameaçam são constantes e dizem que o produto será doado ao fome zero. Desconfiamos desta medida que prejudica dezenas de famílias, estamos desesperados e com medo”, disse.
De acordo com os assentados, o juiz da Vara Federal Ambiental, Agrária e Residual de Porto Alegre, Cândido Alfredo Silva Leal Junior, pediu analise do cereal em laboratório que, posteriormente, foi constatada a não presença de agroquímicos na lavoura.
“O Incra fala que a lavoura foi feita sem projeto ambiental e isso é mentira. Todos que são contra a decisão do incra são perseguidos. Eles seguem recolhendo nosso arroz chegando a um total de mil hectares de terra. Isso não pode continuar”, denuncia Dirceu.
Ao denunciar o episódio à Assembleia Legislativa logo que surgiu o fato, o assentado diz que procurou o partido que apoia a atuação gestão do Incra no Estado que rejeitou o pedido alegando falta de informações. “Parece que os deputados ligados ao governo federal seguem orientação do Incra de não tomarem atitudes contra os episódios que nos assolam.”
O deputado Jerônimo Goergen (PP), que solicitou a convocação urgente do superintendente do Incra no RS, Mozar Artur Dietrich, na Comissão de Agricultura para devidos esclarecimentos sobre as irregularidades praticadas em acampamento do MST em Nova Santa Rita, se solidariza aos produtores de Viamão. O Coordenador da Frenteagro da AL-RS, acredita se tratar de mais uma denúncia grave envolvendo o Incra: "Mais do que nunca é necessário a convocação do superintendente Mozar Artur Dietrich, a qual defendo o afastamento do cargo para maiores esclarecimentos. Na próxima segunda, o parlamento estará reunido para encaminhamento do pedido ao Ministério Público e esperamos posicionamento imediato do Ministério do Desenvolvimento Agrário”, defende o parlamentar.
Na área, vivem 376 famílias. O assentamento de 9 mil hectares tem em sua rotina de produção, a criação de gado e de lavouras de arroz.
(AL-RS, 17/04/2009)