Projeto de expansão da multinacional esbarra na falta de terras
A Stora Enso decidiu suspender o plantio de eucalipto no Estado. Com dificuldade para regularizar terras compradas em zonas de fronteira, a companhia sueco-finlandesa se viu sem espaço para ampliar a plantação. Dos 46 mil hectares que tem, metade é de efetivo uso. Como já utilizou mais de 20 mil hectares, resta uma pequena área ainda não cultivada.
No plano original, a companhia previa comprar novas áreas, mas a expansão do projeto foi suspensa em 2007, desde que começou a disputa jurídica envolvendo redução da chamada faixa de fronteira.
Trata-se de uma zona de proteção de 150 quilômetros a partir da linha de fronteira do Brasil com os outros países, na qual é proibido a estrangeiros ter a propriedade de terras. Os 46 mil hectares da Stora Enso estão dentro dessa faixa e a empresa luta pela redução desse espaço de proteção. Oficialmente, a Stora Enso disse que está “reavaliando” a situação, mas fontes confirmam que a decisão de suspender novos plantios já foi tomada.
Segundo o presidente da Associação Gaúcha de Empresas Florestais (Ageflor), Roque Justen, a decisão não surpreende, uma vez que a empresa estava sem terreno para expandir as atividades. Além disso, como o calendário de plantio vai de abril a setembro, a Stora Enso não vinha plantando nos últimos meses.
– Como não há uma conclusão sobre essa questão da propriedade na fronteira, eles realmente não tinham como plantar. Esperamos que seja apenas uma suspensão – disse Justen.
Com a parada no plantio, a companhia deve demitir parte dos 500 empregados que trabalham na área florestal. As dispensas podem chegar a 300, sendo que o restante dos trabalhadores ficaria responsável pela manutenção das florestas já existentes. A empresa, no entanto, não confirmou as demissões.
A crise mundial também pode ter pesado na decisão. No início do ano, já havia sido suspensa a duplicação da Veracel, fábrica de celulose baiana operada em parceria com a Aracruz. Na Europa, a Stora Enso demitiu cerca de 5 mil pessoas por causa da redução da demanda.
(Zero Hora, 20/04/2009)