Precipitação de ontem foi concentrada na região Centro-Sul. Semana úmida poderá amenizar cenário
Voltou a chover ontem no Rio Grande do Sul. No entanto, a precipitação foi concentrada no Centro, no Sul e no Sudoeste e não foi suficiente para amenizar os efeitos da seca, especialmente nas regiões Norte e Noroeste, segundo informações da MetSul. A expectativa é que a umidade prevista para a semana minimize o quadro. Conforme a Defesa Civil, 781 mil pessoas são afetadas pela estiagem e 81 municípios estão em situação de emergência. Desde dezembro, mais de 120 municípios entraram na lista. A seca atinge Santa Catarina, Paraná, Argentina e Uruguai.
A estiagem pegou desprevenidos os gaúchos que pensaram que o episódio teria terminado com as chuvas de fevereiro e janeiro. A escassez de água começou ainda em novembro do ano passado e as precipitações dos dois primeiros meses de 2009 salvaram a soja naquele período, mas não foram suficientes para recuperar reservas hídricas nem encher reservatórios. A estiagem nos últimos 40 dias é influência do fenômeno La Niña.
Além de perdas nas lavouras de soja e milho, a seca prejudica as pastagens e já há queda na produção leiteira do Estado. Para o coordenador da Defesa Civil do governo do Estado, tenente-coronel Joel Prates Pedroso, a estiagem afeta mais a população rural do que a urbana.
Segundo o diretor de operações da Corsan, Paulo Ricardo de Medeiros, em São Valentim, a situação é a mais crítica e é feito racionamento. Diariamente, três carros-pipa abastecem a cidade. Em São João da Urtiga, um caminhão-pipa faz o trabalho à noite. Outra situação preocupante é a de Machadinho. 'Se não chover até segunda-feira, vamos começar o racionamento.' Até a noite de ontem, não havia registro de precipitação. Das cidades de maior porte, a mais prejudicada é Erechim, onde é preciso que chova nos próximos dez dias. A barragem da Corsan está 1,55 metro abaixo do nível normal.
Na zona Sul, a paisagem mudou. Em Canguçu, não chove há mais de 30 dias e alguns açudes estão completamente secos. Contudo, o secretário de Agricultura do município, Luiz Nunes, afirma que as culturas de verão não foram afetadas.
O secretário estadual de Irrigação e Usos Múltiplos da Água, Rogerio Porto, informa que os municípios em emergência têm prioridade na construção de microaçudes ou cisternas, mas é necessário projeto. 'Os poços são mais rápidos, mas no ano que vem acontecerá o mesmo problema.'
(Correio do Povo, 20/04/2009)