A Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA), pela primeira vez, vai exigir que 67 fabricantes de agroquímicos apresentem os testes das substâncias químicas contidas em seus produtos para determinar os seus efeitos na saúde. Em especial que se eles perturbam o sistema endócrino, que regula o crescimento, o metabolismo e a reprodução nos animais e nos seres humanos. Os testes de segurança são uma antiga exigência de pesquisadores, médicos e ambientalistas, que expressam preocupações com substâncias químicas liberadas no meio ambiente e que interferem nos sistemas hormonais, como ocorre no caso da feminização dos peixes do Rio Potomac.
Os produtos químicos reconhecidos como desreguladores (disruptores) endócrinos, afetam os hormônios de animais e seres humanos. São especialmente perigosos para a saúde de crianças. A EPA determinou que os testes iniciem com as substâncias que, potencialmente, afetem os hormônios estrógenos, androgênicos e a tiróide. Os testes, ao longo do tempo, irão abranger todos os pesticidas químicos.
A indústria, como era de se esperar, reafirmou a segurança de seus produtos e que os testes apenas iriam aumentar os seus custos. No entanto, a legislação norte-americana de segurança alimentar [Food Quality Protection Act], de 1996, já concedia à EPA o exercício deste poder de regulação/fiscalização. Um poder que, até agora, ela nunca utilizou. Dirigentes do National Institute of Environmental Health Sciences e do National Toxicology Program, disseram que o programa representa “uma forma mais organizada de analisar como a exposição humana aos pesticidas químicos pode afetar a saúde”, como o crescimento ósseo e desenvolvimento cerebral.
Diversas pesquisas observaram a maior parte dos efeitos visíveis destas substâncias químicas em animais, mas é bem provável que alguns seres humanos, em função da sua sensibilidade particular, sofram problemas semelhantes. Linda Phillips, do Endocrine Disruptor Screening Program da EPA, disse que vai levar cerca de dois anos para obter dados para o programa, e que, em seguida, a agência poderia ter mais um ano para fazer uma determinação final sobre as substâncias químicas que atuem como desreguladores (disruptores) endócrinos.
O programa utilizará ainda, a base de pesquisas científicas independentes, para comparar com os estudos que serão realizados pela empresas. Os resultados, quaisquer que sejam, terão grande impacto na indústria de agroquímicos, inclusive no Brasil.
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Henrique Cortez Weblog, 18/04/2009)