Definição de áreas para o cultivo no Rio Grande do Sul abre novas perspectivas para produtores ruraisDepois de meses de espera, produtores e indústrias gaúchas finalmente puderam comemorar a aprovação do zoneamento agrícola da cana-de-açúcar para o Estado. A decisão permite destravar investimentos que corriam o risco de não sair do papel. Publicada nesta sexta (17/04) no Diário Oficial da União, a portaria nº 54 do Ministério da Agricultura autoriza o cultivo de cana em grande escala para a produção de etanol e açúcar em 182 municípios. Outros 34 municípios poderão cultivar a cana em pequenas propriedades para outros usos, como produção de cachaça, melado, rapadura ou pastagem.
Só o projeto da Norobios, em São Luiz Gonzaga, é estimado em R$ 320 milhões. Outros R$ 500 milhões serão aplicados pela Braskem na fábrica de resina verde a partir de etanol, cuja pedra fundamental será lançada na próxima quarta-feira, no Polo Petroquímico de Triunfo.
– O zoneamento permite ao Rio Grande do Sul se inserir definitivamente no mapa dos Estados produtores de açúcar e etanol, acelerando os projetos que já existiam e atraindo novos empreendimentos – comemora Sérgio dos Anjos, pesquisador da Embrapa Clima Temperado, que trabalhou nas pesquisas que serviram de subsídio para a elaboração do polêmico mapeamento da cultura.
Além de estabelecer quais são os municípios que podem plantar cana, a portaria especifica os tipos de solo aptos ao cultivo, os períodos indicados para o plantio e as cultivares recomendadas para cada região. A falta de zoneamento era um limitador para os novos empreendimentos, que tinham maior dificuldade em obter financiamentos bancários. Além disso, os produtores também não conseguiam crédito para custeio das lavouras e nem tinham acesso ao seguro agrícola.
– Agora, abre-se um caminho para o Rio Grande do Sul reduzir a dependência do álcool importado de outros Estados e para oferecer uma alternativa aos agricultores das regiões que sofrem com as estiagens e secas – afirma o deputado federal Luis Carlos Heinze (PP-RS).
Considerada uma cultura perene, a cana é mais resistente à seca e oferece uma maior segurança aos produtores, avaliam representantes do setor e pesquisadores. Para o presidente da Norobios, Claudio Morari, a consolidação da cadeia produtiva da cana-de-açúcar no Estado vai depender, também, da adoção de estímulos fiscais e tributários para os novos empreendimentos.
O projeto da Norobios em São Luiz Gonzaga prevê investimentos de R$ 250 milhões em uma usina de etanol e outros R$ 70 milhões nas lavouras. A inauguração da usina está prevista para 2011, com a moagem de 500 mil toneladas de cana no primeiro ano. Hoje, no Estado, estima-se que o cultivo de cana ocupe cerca de 35 mil hectares.
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Zero Hora, 18/04/2009)