O jornal britânico Guardian fez uma pesquisa com alguns dos principais
cientistas do mundo envolvidos nas pesquisas de mudanças climáticas.
Segundo a enquete, 90% deles não acredita que os esforços políticos e
econômicos vão conseguir evitar um aquecimento global abaixo de 2 graus
centígrados. E temem que as conseqüências sejam catastróficas. O jornal
entrevistou todos os 1.756 inscritos no ultimo congresso climático,
realizado em março em Copenhague, que reuniu os principais
pesquisadores do mundo para traçar cenários futuros.
Dos
262 especialistas que responderam, 200 eram pesquisadores de clima ou
de areas afins. Eles representam 26 países. Alguns são diretores de
institutos e laboratórios em universidades respeitadas. Vários deles
são membros do painel de especialistas da ONU, o IPCC. O resto dos
entrevistados incluía especialistas da indústria, economistas e
cientistas sociais.
Pelos resultados do levantamento, esses
cientistas acreditam que o aumento médio de temperatura até o final do
século fique entre 4 e 5 graus centígrados. Esse aquecimento
desmancharia a cadeia produtiva de alimentos, e ameaçaria os
suprimentos globais de água. Também causaria uma elevação do nível do
mar que inundaria cidades, deixando centenas de milhões de desabrigados.
Alguns
dos poucos que disseram acreditar que o aumento de temperature poderia
ser limitado a 2 graus afirmaram que se basearam mais em boa vontade do
que nos indicadores atuais. “Como mãe de crianças pequenas, eu prefiro
acreditar nisso. E trabalho duro nesse sentido”, disse uma das
entrevistadas.
O interessante é que, apesar do ambiente
pessimista entre eles, esses mesmos cientistas são bem mais cautelosos
quando fazem anúncios oficiais de suas pesquisas para o público em
geral. Em conversas reservadas com os jornalistas, boa parte deles
explica que prefere baixar o tom e amenizar as previsões catastróficas,
para não gerar uma sensação de apatia e desânimo nas pessoa. Mas talvez
seja o caso de agir exatamento de forma oposta, apresentando claramente
quais são os riscos que enfrentamos para incentivar as mudanças
necessárias em nossa economia e evitarmos o pior.
(Por Alexandre Mansur,
Blog do Planeta, 15/04/2009)