O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, disse na quarta-feira que seu país preparou novas propostas para acabar com o impasse em torno do seu programa nuclear, enquanto Washington insiste que não vai abandonar a exigência de que Teerã desista do seu programa de enriquecimento de urânio.
A secretária norte-americana de Estado, Hillary Clinton, disse que as seis potências envolvidas nas negociações ainda não têm uma resposta de Teerã a respeito da retomada do diálogo nuclear, e que ela não viu "nenhum tipo de proposta" por parte da República Islâmica.
"Preparamos um pacote que pode ser a base para resolver o problema nuclear do Irã. Será oferecido em breve ao Ocidente", disse Ahmadinejad em discurso na província de Kerman (sudeste), transmitido pela TV.
Estados Unidos, Rússia, China, França, Grã-Bretanha e Alemanha disseram na semana passada que pediriam ao chefe da diplomacia da União Europeia, Javier Solana, que convidasse o Irã para um encontro destinado a encontrar uma "solução diplomática para esta questão crítica".
A decisão marcou uma reviravolta na política dos EUA em relação ao que ocorria no governo de George W. Bush, que evitava contatos diretos com Teerã.
O Ocidente suspeita que o Irã tente desenvolver armas atômicas, algo que o país nega, alegando que seu objetivo é apenas gerar eletricidade para fins civis.
O governo de Barack Obama diz que aceita se reunir com o Irã "sem pré-condições", mas Hillary, que se reuniu na quarta-feira com Solana em Washington, deixou claro que os EUA não desistirão da pressão para que o Irã abandone o enriquecimento de urânio.
"Não retiramos nem acrescentamos quaisquer condições", disse ela. "Mantemo-nos com as sanções já implementadas, e buscaremos novas formas de ampliar a ação coletiva."
Na segunda-feira, o Irã saudou o diálogo "construtivo" com as seis potências mundiais, no sinal mais explícito até agora de que o país aceitaria um convite para negociar.
Não está claro se a contraoferta iraniana seria essencialmente diferente das propostas anteriores. Ahmadinejad não entrou em detalhes sobre o novo pacote, mas disse que o mundo não poderia ser governado pelo "uso da força".
"Este novo pacote vai garantir a paz e a justiça para o mundo. Ele respeita os direitos de todas as nações", afirmou.
Em 2006, as seis potências ofereceram benefícios políticos e econômicos para que o Irã suspendesse o enriquecimento. Teerã sinalizou alguma flexibilidade, mas descartou que a suspensão do enriquecimento fosse uma pré-condição.
Salientando a intenção iraniana de manter seu programa nuclear, Ahmadinejad inaugurou em 9 de abril sua primeira fábrica de combustível atômico. Na ocasião, o presidente afirmou que o país agora dominava todo o ciclo do combustível nuclear - que pode servir para usinas nucleares civis, mas também para a fabricação de armas.
(Por Hashem Kalantari e Sue Pleming,
Reuters, 16/04/2009)