Aguardado para o final do ano passado, o anúncio do zoneamento agroclimático para o plantio da cana-de-açúcar no país pode demorar ainda mais. O adiamento, desta vez, está sendo provocado pela indecisão do governo federal quanto ao pleito dos usineiros que pedem a liberação do cultivo na borda do Pantanal mato-grossense, uma área de 110 mil quilômetros quadrados localizada na bacia do Alto Paraguai. Contrários à medida, os ambientalistas temem a contaminação dos rios.
A questão foi discutida na manhã de hoje durante reunião do deputado Heitor Schuch (PSB) com o agrônomo Wilson Caetano, coordenador de um projeto de pesquisa da Fepagro sobre a viabilidade da cana no Rio Grande do Sul. “O restante do país não pode ficar à indefinidamente à espera de uma solução para este impasse. Esse atraso é um desrespeito e uma desconsideração com a pesquisa, que já fez a sua parte e apontou os resultados. Tínhamos informações de que o zoneamento já estava pronto, faltando apenas o anúncio oficial. Afinal, quando os agricultores poderão começar a plantar?”, questiona o parlamentar.
O zoneamento irá definir as políticas públicas de financiamento da cultura. Em 2007, Schuch foi relator de uma subcomissão na Assembléia Legislativa que estudou por mais de 120 dias a possibilidade de se produzir comercialmente álcool de cana-de-açúcar no Rio Grande do Sul. “Vivemos um momento favorável aos combustíveis alternativos, tanto para o consumo interno quanto para as exportações, e a cana-de-açúcar pode ser uma potente alternativa para a diversificação da matriz produtiva do Estado, especialmente na agricultura familiar".
O parlamentar lembra que 98% do álcool consumido no RS é importado, apenas 2% é produzido no solo gaúcho. “São valiosas divisas e milhares de empregos que estamos transferindo para outros Estados”. Sem falar na demanda que está sendo gerada no Estado para a produção do polímero verde.
(AL-RS, 15/04/2009)