Somente com mais investimentos o Brasil pode manter sua liderança na tecnologia da produção de etanol. Essa foi a conclusão da audiência pública desta quarta-feira (15/04) realizada pela Comissão Especial de Fontes Renováveis de Energia. A comissão foi criada em junho do ano passado para analisar o Projeto de Lei 630/03, que cria um fundo para financiar pesquisas e incentivar a produção de energia elétrica e térmica a partir das energias solar e eólica.
O representante da União das Indústrias da Cana-de-Açúcar (Única), Alfred Swarc, destacou que a produção de etanol no Brasil deve chegar a 65 bilhões de litros em 2020. Segundo Swarc, em 2007 o setor contribuiu com 3% da matriz energética nacional. Apesar disso, Alfred Swarc afirma que ainda é preciso garantir dinheiro para que novos produtos sejam desenvolvidos a partir do álcool. "Evidentemente, isso não acontece do dia para a noite. A gente precisa ter tecnologias demonstradas e robustas que possam fazer isso", ressaltou.
Segundo ele, há perspectivas de não só produzir etanol de cana, mas também moléculas de combustíveis semelhantes a querosene de aviação ou ao diesel, "que poderão futuramente ser produzidas em escala comercial e também a preços competitivos."
Segurança energéticaO coordenador de Inteligência da Petrobras Biocombustíveis, Danny Aronson, destacou que o etanol é o combustível para veículos mais utilizado no Brasil, o que garante segurança energética diante das variações do preço do petróleo. "O petróleo subiu a 140 dólares e no Brasil o consumidor não foi afetado. Se tiver uma guerra no Iraque, o consumidor está respaldado. Ele tem essa opção hoje de, se o petróleo e a gasolina subirem muito, passar para o álcool hidratado. Se, pelo contrário, baixar, ele volta para a gasolina", disse Aronson.
O relator da comissão, deputado Fernando Ferro (PT-PE), lembrou que na década de 80 o álcool combustível foi praticamente abandonado, mas é hoje uma realidade que precisa ser preservada. Fernando Ferro afirmou que vai incluir em seu relatório o etanol como uma das fontes renováveis que poderão usufruir dos recursos do Fundo para financiar pesquisas e fomentar fontes renováveis de energia.
"Como fonte renovável, nós vamos buscar estabelecer um procedimento de ordem legal para incentivar esse tipo de energia pois, quanto mais diversificada e mais renovável for a nossa matriz energética, mais segurança nós teremos", destacou o relator. Fernando Ferro disse ainda que vai propor, em seu relatório - a ser apresentado em maio - incentivos fiscais e tributários para todas as formas de energias renováveis.
(Por Karla Alessandra, com edição de Newton Araújo,
Agência Câmara, 15/04/2009)