A estratégia portuguesa de adaptação às alterações climáticas deverá ser "aprovada ainda este ano", confirmou nesta quarta-feira o ministro luso do Ambiente, salientando que as principais respostas vão incidir nas áreas mais problemáticas: recursos hídricos, erosão costeira e biodiversidade.
"Na Europa, como em todo o mundo, é preciso adotar medidas de adaptação às alterações climáticas. Portugal deverá ter a sua estratégia nacional aprovada ainda durante este governo", afirmou o ministro do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento, Nunes Correia.
Contatado pela Agência Lusa telefonicamente em Praga, onde participou do conselho informal de ambiente da presidência tcheca da União Europeia (UE), o governante frisou a importância de, em Portugal, se prepararem "medidas de resposta atempadas" nas áreas onde os "impactos do fenômeno climático se prevêem mais problemáticos", principalmente "na gestão dos recursos hídricos, erosão costeira, biodiversidade e na agricultura".
Nunes Correia adiantou que a reunião ministerial de terça e quarta-feira foi dedicada à preparação de uma estratégia europeia de adaptação aos impactos da mudança climática que, segundo Bruxelas, vai afetar sobretudo a zona sul da Europa, zonas montanhosas e costeiras.
"A Península Ibérica deverá ser particularmente afetada pela mudança do clima, pelo que temos de ter reposta em várias áreas fundamentais", disse, precisando que, em Portugal o "setor mais afetado será o dos recursos hídricos".
"Em Portugal prevê-se uma tendência para aumentar a irregularidade nas ocorrências das precipitações. Isto significa que vamos ter um clima mais extremo e irregular: por um lado mais cheias, por outro, mais secas", explicou.
Outro setor onde estratégias pontuais são necessárias é, segundo Nunes Correia, a gestão das costas: "Portugal tem problemas muito sérios na gestão da sua zona costeira, que evidentemente vão ser agravados com as alterações climáticas e com a subida do nível médio do mar", lembrou.
Para minimizar os efeitos na costa portuguesa é "preciso adotar medidas preventivas no que diz respeito ao ordenamento do território", procurando "deixar zonas livres junto à costa", onde ainda for possível: "É preciso atuar preventivamente evitando a ocupação dessas zonas do litoral, como já se exige nos planos regionais de ordenamento do território", frisou.
Assim como a estratégia europeia, o ministro explicou que a proposta de estratégia nacional em elaboração pretende, sobretudo, ampliar a base de conhecimento, integrar políticas e identificar medidas de resposta: "O objetivo é identificar áreas fundamentais em Portugal e tentar antecipar as tendências que ocorrerão nas próximas décadas para que o planejamento setorial nestas áreas tenha em conta o fator adicional do clima", precisou.
"Trata-se de um esforço a médio e longo prazo, mas é essencial começar desde já", acrescentou Nunes Correia.
(
Lusa, 15/04/2009)